quinta-feira, 30 de dezembro de 2004

Krakatoa

Este blog faz aqui uma pausa no habitual nonsense para prestar serviço público.

Nestes dias de sismos e tsunamis recomendo a leitura do livro Krakatoa, de Simon Winchester.

São 400 páginas de leitura contagiante sobre o antes, o durante e o depois da grande erupção do vulcão Krakatoa, em 1883.

O livro é um misto de literatura de divulgação científica, de história dos descobrimentos e da presença dos europeus por aquelas paragens, e de relatos da época sobre o acontecimento catastrófico que afectou todo o mundo. Além de sismos e tsunamis de efeitos similares aos que estamos a ver agora pela televisão, houve também uma fabulosa erupção vulcânica, possivelmente um dos 5 maiores vulcões no mundo, pelas pistas que a geologia guardou. Lançou cinzas na atmosferas - tantas e tão alto - que avermelharam o pôr do sol em todo o mundo durante os anos seguintes.

É um relato empolgante dos acontecimentos, com um crescendo de climax construido muito lentamente.

Na pág. 154 o autor finalmente escreve: It began with a sudden trembling.
Na pág. 206 surgem os primeiros relatos de navios no estreito de Sunda: One master reported 'a vast eruptive column' on the 22nd.

A partir daí tudo se precipita: sismos, ondas de choque na atmosfera, tsunamis e vulcões.

As ondas de choque na atmosfera varreram o mundo várias vezes, ao longo de 15 dias (registadas inclusive em Coimbra e Lisboa). Os tsunamis tudo alagaram à sua passagem, riscando do mapa aldeias e vilas piscatórias, com o maior deles a atravessar os oceanos e a chegar, apenas como uma pequena onda, ao porto de Socoa, perto da estância francesa de Biarritz, em plena Europa. A onda viajou a 370 milhas por hora.
O estampido do vulcão foi ouvido a 3000 milhas de distância, na pequena ilha de Rodriguez, perto de Madagáscar.

Será este sismo o prenúncio de um novo acordar de Krakatoa? Recomenda-se o livro.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2004

Lista de Natal

Olá amiguinhos,

Faz por esta altura um ano, que redigi a minha pequena cartinha ao pai natal, essa mítica figura que ao lado de Estaline e Mao-Tse, partilha um carinho especial pela côr vermelha.

Este ano, tocado pela sensibilidade natalícia, queria pedir as seguintes prendinhas no sapatinho:

  • O fim da fome no mundo, o início da fome nas grandes metrópoles, e 18% da McDonalds;
  • A Marisa Cruz;
  • Três amigas da Marisa Cruz, à minha escolha;
  • A paz no mundo, e no governo;
  • Um frasco de gel da mesma marca que utiliza o Santana Lopes (estou profundamente convencido que aquele ar de lambidinho da vaca é mantido apenas duas vezes por ano, graças ao poder fixador do gel);
  • Um boi cobridor, com um período de repouso de 9 meses;
  • O José Castelo Branco, com um casaco de pele de vaca;
  • Uma sala acolchoada, para fechar o boi com o Castelo Branco;
  • O regresso do Eládio Clímaco ao Natal dos Hospitais;
  • O emprego da fulana do canal da tv cabo People and Arts, que anda o ano todo a experimentar os melhores SPAs do mundo (estupor);
  • Uma audiência com sua santidade, João Paulo II, para lhe levar uma Nossa Senhora em louça das Caldas, em que basicamente se puxa o terço e... errrrrrrrrr... enfim, um pequeno presentinho tradicional.

E é tudo. Feliz Natal!

E Jesus desceu à Terra...

...neste ano de 2004 e viu o quanto era conhecido e respeitado. E viu quanto a sua imagem e o seu nome tinham alcançado. E viu t-shirts com a sua imagem. E viu cruzes com a sua crucifixação. E viu canecas de chá com o seu rosto. E mais viu Jesus pois também havia dildos, e roupa interior, E tudo isto e muito mais viu Jesus, e algo o perturbou.

E então Jesus subiu de novo aos Céus e falou com seu Pai.

- Pai, a minha imagem tem um uso indevido.
- E que pretendes fazer, meu Filho?
- Quero 10% sobre todo o merchandising.

Que tenham um santo Natal.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2004

Histórias de encantar - Ali Babá e os 40 ladrões

Esta belíssima história das 1001 noites relata o modo de vida de antigamente dos árabes: ladrões, ladrões que roubam ladrões, irmãos de ladrões esquartejados, ladrões fritos em azeite. Enfim, poucas saídas profissionais…

Resumo:

Ali Babá, à socapa enquanto apanhava lenha, viu os ladrões a entrarem na caverna, com as palavras “Abre-te Sésamo”.

Experimentou ele próprio e começou a roubar os ladrões. Pediu umas bilhas ao irmão para melhor transportar as moedas. A mulher do irmão, astuta, besuntou o fundo de uma bilha com azeite, e quando Ali Babá a devolveu, ia lá colada uma moeda de ouro.

O irmão, à ganância, seguiu Ali Babá e descobriu o segredo. Assim que Ali Babá saiu, entrou ele. Nadou nas moedas ao melhor estilo “Tio Patinhas”, mas quando quis sair, não se lembrava das palavras mágicas. Experimentou “Abre-te cevada”, “Abre-te centeio”, “Abre-te trigo”, mas nada.

Chegam os ladrões, e descobrem o irmão de Ali Babá dentro da caverna. Como castigo, esquartejam-no ali mesmo à espadeirada, e deitam o corpo fora. Ali Babá, no regresso para roubar mais moedas, descobre o irmão, e lastimando a sua morte, decide que este merece pelo menos ser enterrado inteiro. Assim, paga 2 moedas de ouro ao sapateiro da povoação para coser o corpo do irmão.

Os ladrões, na procura de quem andasse a mostrar sinais anormais de riqueza, descobrem que Ali Babá pagou ao sapateiro o estranho serviço de coser o corpo do irmão, com 2 moedas.

Saltando alguns pormenores, a criada de Ali Babá deixa-os entrar na casa do dito Ali, mas pede-lhes para que se escondam dentro das bilhas. Apanhando-os desprevenidos, deita-lhes azeite a ferver na cabeça, matando os ladrões.

Ali Babá vive com a criada feliz para sempre.

Lições de moral na história:
- Ladrão que rouba a ladrão ou tem cuidado ou perde o irmão (ou pelo menos bocados dele…)
- A assassina do azeite, ou seja, a criada, vive feliz para sempre.

Histórias a publicar depois do Natal: A gata borralheira e Hansel & Gretel.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2004

Desabafo de um plebeu

Compareci recentemente numa noite de aniversário, pautada por pessoas chiques e da mais fina casta da minha região de origem. Vestido a rigor, com uns belíssimos jeans, uma camisa subtil e o casaquinho a la montra da Massimo Dutti, lá fui preparado para aguentar a malfadada festa. Ora bem, numa soirée como esta, os dilemas para o comum mortal acumulam-se paralelamente a outros sentimentos, nomeadamente adversidades gástricas a pratos chiques, reacções alérgicas aos cremes clinic utilizados pelas pessoas de mais de 87 anos, entre outros.

Alguém que me explique, sim, alguém que me explique, se a porcaria do tratado de Genebra ou se o famosíssimo tratado de Maastricht não convencionam o número de beijos na face utilizadas na normal saudação. Decidam-se… debruçamo-nos para o primeiro encosto de face, avançamos cautelosamente para o seguinte e ficamos de cara pendurada, como quem aprecia a proeminente caspa do nosso parceiro… ridículo. Outra situação chocante, é a necessidade de escolher cuidadosamente as expressões que se utilizam, uma vez que não estamos entre o nosso grupo de amigos. Sermos privados de pérolas gramaticais produzidas pelos mais vivaços de uma festa normal, como “As meninas do técnico são das melhores para vir aqui esgaçar o pescoço ao domingos”, ou “Esta dobrada faz-me uns gases de fazer inveja à Grande Nebulosa… e até me fazem ver estrelas”, é no mínimo criminoso.

Que fazer, quando um terço do cheesecake cai no chão? Dar-lhes cuidadosos toques com o pé até este se posicionar debaixo da mesa, ou olhar com desaprovação para a senhora condessa que estaciona estrategicamente à nossa frente? Que responder à senhora que nos diz “Aiiiiiiiii meu q’rido, estás tão grande… o que tu cresceste!”?? A nossa primeira reacção seria, obviamente, responder “Teve que ser… já não me queriam deixar entrar no cine-bolso para ver a Tracy Lords” ou “Desculpe minha senhora, está enganada, eu sempre fui assim… aiaiaiaiaiaiaiaiaiai, não andamos a tomar conta desse maroto do Alzheimer”.

Enfim…

terça-feira, 21 de dezembro de 2004

Histórias de encantar – Branca de neve e os 7 anões

Mais uma história ternurenta para a quadra natalícia. Apesar da expectativa levantada pelo título, não se trata de um “gang bang”. Isto tem mesmo história, mas vou-me cingir à parte da Branca de Neve ir parar à floresta.

Resumo:

A Rainha Má, perante as revelações do espelho mágico, decide matar a Branca de Neve. Chama um capataz de sua confiança e diz-lhe para levar Branca de Neve para bem longe na floresta, matá-la, e trazer o coração da rapariga como prova. O capataz leva a Branca, mas como era uma tipa boa como tudo, não a mata, sacrificando um veado, e levando o coração do animal à Rainha Má. O resto não tem muita história: anões, maçãs, um príncipe, e finalmente a Branca vive feliz para sempre.

De qualquer modo, sendo uma casa feita à medida dos 7 anões, nunca se percebeu onde dormia a Branca, ou se basicamente enconstavam as 7 mini-camas e era uma coboiada com a rapariga.

Histórias de encantar – O capuchinho vermelho

Em homenagem à época natalíca, aqui se conta a famosa história de um lobo que come humanos inteiros, sem os mastigar.

Resumo:
História de uma miúda que vai levar comida à avó, que tem uma casa na floresta. Entretanto, um lobo chega primeiro, e come a avó inteira. A miúda, possivelmente muito míope, olha para a cara do lobo mas pensa que se trata da avó, apesar da barba cerrada do animal (ou se calhar por isso mesmo…).
Mesmo assim, dúvidas se levantam, sobre os olhos, as orelhas, e finalmente a boca. O lobo farta-se da conversa e come a neta (no sentido literal e não pedófilo), também inteira, sentando-se à sombra de uma árvore, a digerir a refeição.

Chega um caçador, que num acto inesperado, mata o lobo, e abre-lhe a barriga com uma faca grande. Saem de lá avó e neta, ainda vivas.

A história é omissa nos efeitos dos sucos gástricos do lobo tanto na avó como na neta. Seria de supor que terão saído em carne viva, ensanguentadas, com as pálpebras comidas pelos sucos estomacais e cegas. Terão possivelmente ingerido alguns dos ácidos estomacais na tentativa de respirarem, queimando-se da boca à traqueia. Infelizmente, os pormenores perderam-se no tempo.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2004

Santana e o Terramoto

A Fátima está em condições de garantir que o terramoto que se sentiu hoje em Portugal, de magnitude 5,4 na escala de Richter foi causado por Pedro Santana Lopes. Santana Lopes tem uma ligação cósmica óbvia a terramotos nesta zona e este foi causado pelo distúrbio de energias sentido pelo Primeiro-Ministro com toda a crise política que se vive actualmente.

Quais as provas desta ligação? São demasiado evidentes, mas dado que há gente que é demasiado distraída, passo mesmo assim a enumerá-las.

Comecemos por analisar a ligação histórica de Santana Lopes aos terramotos na nossa zona, nomeadamente ao mais famoso e de maior magnitude de todos - o de 1 de Novembro de 1755.

Quantas letras tem "Pedro Santana Lopes"? Contem-nas: 17 letras.
Quantas letras tem "Pedro"? 5 letras.
Quantas letras tem "Lopes"? 5 letras.
Vejam bem: 17 letras, 5 letras, 5 letras. 17 5 5 - 1755, o ano do Terramoto.

Querem mais provas?
Santana Lopes nasceu em 1956. O Terramoto foi em 1755. Qual a diferença entre 56 e 55? Um. Em que dia foi o Terramoto? Um (de Novembro).

Mais uma?
"Pedro Santana Lopes", como já vimos, tem 17 letras.
"Terramoto de Lisboa" tem - adivinhem!... - 17 letras!!...

Para finalizar: quer "Pedro Santana Lopes", quer "Terramoto de Lisboa" têm 2 'e', um 'd' e um 'l'... Com estas letras escreve-se a palavra "dele". De quem é o Terramoto afinal? Dele. De Pedro Santana Lopes.

Passando agora ao terramoto de hoje - quais as provas da sua ligação a Santana Lopes?

Segundo os dados do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica, o sismo de hoje teve uma magnitude de 5,4 na escala de Richter. 5,4. Quantos filhos tem Santana Lopes? 5. Quantos meses esteve no Governo como Primeiro-Ministro? 4.

O sismo deu-se às 14h16 de hoje. Somemos os números: 1+4+1+6=12. Quantas letras tem "Santana Lopes"? Exacto - 12!

Mais uma, para terminar: o epicentro localizou-se nas coordenadas 36º43' Norte e 9º76' Oeste. Somemos os números: 36+43=79. 9+76=85. Em que ano se licenciou Santana Lopes (em Direito)? Exacto, 79. Até que ano foi presidente da Comissão Política Distrital da Área Metropolitana de Lisboa do PSD? Correcto, 85...

Podíamos seguir, mas julgo que já são suficientes provas - se há um responsável pelo abalo sentido hoje, só pode ser um único: Pedro Santana Lopes...

terça-feira, 30 de novembro de 2004

Decisão de Sampaio recebida com agrado pelos Ministros

"Vem em boa altura, obviamente. É que já não tinha muito mais repertório", comentou o ainda Ministro Rui Gomes da Silva a propósito da decisão de Jorge Sampaio anunciada esta tarde de iniciar o processo de dissolução da Assembleia da República.

Já Morais Sarmento comentou que "é um pouco aboguecido, paga dizegue a vegdade. Estava a habituague-me a isto e vai segue chato voltague a tgabalhague. Mas pgonto, já há muito tempo que não tinha féguias de quatgo meses e foi divegtido estagmos juntos tanto tempo.

Quanto a Maria do Carmo Seabra, aparentemente nem se apercebeu que havia uma crise e continua a afirmar que está tudo em ordem e que "tenho indicações seguras que amanhã a situação já estará normalizada".

segunda-feira, 8 de novembro de 2004

Fetiches Genéticos

Neste fim-de-semana casou-se uma antiga colega do Secundário. Um crime, digo eu. A lei portuguesa, tão expedita em proibir algumas absurdidades, devia proibir estes casamentos. É verdade que praticamente não vi a rapariga em questão nos últimos 10 anos - e é verdade que também é pouco provável que a vá encontrar com muito mais regularidade nos próximos 10. Mas é uma questão de princípio. Quando temos 15 anos, há sempre aquela rapariga da turma, a boazona, aquela que enche o imaginário da puberdade de todos os rapazes e de quem se contam mil e uma histórias, 90% das quais totalmente inventadas, sendo que qualquer um de nós daria um braço para estar presente nos restantes 10%... Sabê-la casada é um golpe duro nas nossas recordações juvenis.

Aliás, se há um bom motivo para defender a clonagem de seres humanos, só pode mesmo ser este. A clonagem deveria servir para perpetuar certas pessoas escolhidas a dedo. Ou por outras palavras, para garantir que as boazonas com que nos cruzamos não se perdem em acções estúpidas como o casamento.

Por comparação a este, não vejo de facto qualquer outro uso para a clonagem que faça sentido. O pior é que, infelizmente, a clonagem está entregue à pior classe possível - os cientistas, nomeadamente aqueles que passam a vida fechados em laboratório e cuja capacidade de interacção social é inversamente proporcional à capacidade de análise científica. E depois os resultados são os que se vêem - dá-se-lhes a capacidade de clonar alguém e que fazem eles? Clonam uma Pamela Anderson? Uma Angelina Jolie? Não!... Clonam uma ovelha!!...

Uma ovelha... Foi para isto que se inventou a clonagem? Acredito que muitos pastores das frias terras de Trás-os-Montes esfreguem as mãos de contentes ante a perspectiva de poder duplicar para toda a eternidade aquela ovelha especial, a mais fofinha, quentinha e cooperante. Mas para todo o resto da população masculina mundial isto não se percebe. Ovelhas?!... É este o fetiche que grassa nos laboratórios genéticos de vanguarda?

Deveríamos todos reclamar. A clonagem é demasiado importante para estar nas mãos de quem está. Façamos um take-over hostil: a clonagem a quem de direito! Peguemos nós nas rédeas das espirais de ADN!

Clonar a Dolly? Só se fosse a Parton - e quando era nova...

sexta-feira, 22 de outubro de 2004

O R!R e a concorrência desleal

A organização do R!R - 3º Festival Internacional de Humor de Lisboa, que arranca hoje, está preocupada com a potencial baixa afluência aos eventos programados no âmbito do Festival. "Sofremos de concorrência desleal. O Governo tem uma infra-estrutura montada bem mais complexa que a nossa, que lhe permite levar o seu humor a muito mais gente. Quem quererá deslocar-se às salas para ver os espectáculos que programámos quando pode ficar em casa a ver pela televisão as actuações da troupe do Governo? Contra Rui Gomes da Silva, Morais Sarmento e o próprio Santana Lopes é complicado competir..."

segunda-feira, 4 de outubro de 2004

Atirei o pau ao gato

A crueldade das histórias infantis não me deixa de surpreender. Um exemplo é a canção infantil mais popular em Portugal: Atirei o pau ao gato.

A-tirei o pau ao ga-to-to (violência gratuita)
Mas o ga-to-to não morreu-eu-eu (intenção declarada de matar)
D. Chi-ca-ca admirou-se-se (tal foi a agressão…)
Com o berro, com o berro (o gato sofreu)
Que o gato deu!
Miaaaaauuuuuuuuuu! (a gozação com a dor lancinante infligida ao gato!)

E é isto a canção. Nada mais. Uma mini-historieta em 5 linhas e um berro sobre um ataque a um animal doméstico.

Adivinho que outros países tenham coisas semelhantes.

Na África do Sul:

A-tirei as pedras ao pre-to-to
Mas o pre-to-to não morreu-eu-eu
O meu pai africânder chateou-se-se
Com a sujeira, com a sujeira,
Que o sangue do preto fez no pátio.
Fuck the nigger!!!

Na Colômbia:

Chu-chupei as folhas de co-ca-ca,
Mas não fiquei com predada-da
D. Escobar admirou-se-se
Eram folhas, eram folhas já chupadas,
Deu-me logo mais uma molhada de folhas
P’ápanhar uma ganda moca!
Uhhhhh, hombreeeeee!

No Iraque:

Lan-lancei a granada ao ianque-que
Mas o ianque-que só perdeu uma perna-na
Saddham viu e aplaudiu-iu-iu
E assámos a perna com
Muito caril-il-il
Ahllaáaáááá!

(rima melhor em árabe)

Em Sumatra:

Co-comi as larvas de mosqui-to-to
As moscas e gafanhotos-tos
Comi cobras assadas-das, com tripas de sapo-po
E lambi os dedos, e lambi os dedos
A chupar cus de baratas fritas.
Iaaamm!

terça-feira, 28 de setembro de 2004

Paraolímpicos

A verdade é que, comparando com Sydney 2000, a prestação dos nossos Paraolímpicos em Atenas tem sido um pouco... deficiente.

quarta-feira, 15 de setembro de 2004

Fetiches do camano!

Curiosamente, cheguei lá a partir de um blog ateu. Vale tudo, em formato fálico...

Ele é imagens de Nossa Senhora, de Jesus, de Moisés, de Judas e sei lá que mais.

Muito instrutivo, sobretudo o jackhammer Jesus, com o qual finalmente percebi algumas lengalengas recitadas na televisão por crentes, por exemplo da Igreja Maná (e de outras, e de outras...):

- Sentir Jesus a entrar dentro de si...
- Encontrar o prazer na religião...
- Sentir o calor de Jesus (mesmo que o Jackhammer Jesus seja em silicone)...
- Abrir-se à religião...

Qualquer dia, sai em Diário da República que as matérias de Educação Sexual e de Religião e Moral farão parte de uma só disciplina, devendo os professores receber treino no uso de dildos...

segunda-feira, 13 de setembro de 2004

SMS TV

Não tenho TV por cabo em casa. Sou das poucas pessoas que se limita aos quatro canais básicos e que mesmo assim acha que são demasiados. Sempre que estou em casa de amigos, sento-me em frente à televisão, de comando na mão e começo um zapping interessado, de uma ponta à outra - e sempre que termino chego à conclusão que de facto eu é que tenho razão. A qualidade do que se vê hoje em dia na televisão é dolorosamente baixa.

Há no entanto um canal que me fascina totalmente. É-me impossível passar por lá sem ficar parado uns bons minutos, de boca aberta, pasmado ante o conceito e ante o aparente sucesso que faz. Trata-se do fantástico canal SMS-TV.

Pelo que percebi, para além de anúncios publicitários a números de valor acrescentado e passatempos aos quais se concorre enviando SMS que custam balúrdios, o canal tem pelo menos dois tipos de programas (nunca vi mais nenhum). Um consiste numa estúpida corrida de camelos. No ecrã há 4 camelos a correr, numa animação a fazer lembrar os jogos de computador de há 10 anos atrás; os espectadores enviam um SMS com o número de um dos camelos e ele anda um pouquinho para a frente. Quem fizer o camelo chegar à meta, ganha. Nunca vi nenhum camelo dar mais de cinco passos, e pior, nunca consegui perceber quem são de facto os camelos - se os que correm no ecrã, se os que mandam as SMS que os fazem andar...

O programa mais interessante, no entanto, é o Chat por SMS. Há um número para o qual se mandam SMS (que mais uma vez custam balúrdios) e as mensagens vão aparecendo no ecrã. E aqui é a loucura total. Eu julgava que conhecia o linguajar dos chats de hoje em dia, mas o que se fala ali ultrapassa tudo. Da primeira vez que vi algo como "liga no,se,st,um,tr,qu,no,no..." fiquei completamente em branco sem conseguir perceber de que se falava - afinal era um número de telemóvel ("liga nove, seis, sete, um, três, quatro, nove, nove..."). O resto é do melhor. Declarações de amor, declarações de intenção, resumos da bola, insultos diversos, tudo passa por ali. É este o país real e o melhor dos reality shows. O SMS-TV é o retrato do Portugal moderno, das gerações em crescimento que um dia estarão à frente deste país.

Da última vez que por lá passei, ainda tentei o contacto com algum digno representante deste novo Portugal, como comprova a imagem abaixo. Infelizemente, ninguém respondeu ao meu apelo - suponho que Heidegger não seja muito popular hoje em dia (ou será que foi o Eminem que passou de prazo?...)


quinta-feira, 26 de agosto de 2004

Intervalo para serviço público

Fazemos um intervalo no habitual nonsense deste blog para realizarmos serviço público, na sequência da recomendação do Portugal profundo:

Quem está a apreciar o recurso de não-pronúncia do socialista Paulo Pedroso no processo da Casa Pia é o desembargador Mário Manuel Varges Gomes, juiz de turno, no Tribunal da Relação de Lisboa, onde pertence à 3.ª Secção.

Se este juiz não der razão ao recurso da decisão da juíza Ana Teixeira e Silva de não pronunciar Paulo Pedroso, este nem sequer irá a julgamento.

O desembargador Varges Gomes foi membro-fundador e presidente do conselho fiscal da FPS - Fundação para a Prevenção e Segurança, desde a sua constituição em 1999 até à sua extinção em 2001, criada pelo secretário de Estado, e depois Ministro da Administração Interna, Armando Vara. Esta Fundação PS foi objecto, em Junho de 2001 de um relatório de auditoria do Tribunal de Contas, de um parecer do Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República em Janeiro de 2001 e, ainda, de uma Comissão Parlamentar de Inquérito na Assembleia da República (na qual foi ouvida a Inspecção-Geral da Administração Interna em Maio de 2001).

O juiz desembargador Mário Manuel Varges Gomes é casado com a vice-presidente socialista da Câmara Municipal de Portimão, Isilda Maria Gomes, que é também presidente da Comissão Política Concelhia do PS/Portimão e apoiante de José Sócrates.

Se o juiz Varges Gomes não pediu escusa do processo irá tomar, com certeza, uma decisão independente desses laços.


Num post de 19 de Agosto, o Portugal profundo apresenta na íntegra o recurso do Ministério Público sobre a não-pronúncia de Paulo Pedroso, Herman José e outros.

No recurso são apresentados dados muito concretos do processo. Na minha leitura de leigo, fico arrepiado de pensar que estas pessoas podem não ir a julgamento.

Se estiverem inocentes, qual o medo de ir a julgamento limpar o nome? Eu faria questão de ir.

quarta-feira, 25 de agosto de 2004

Um minuto sem bits.

Pela morte do blog Le Tasque.

A Tasqueira, que tantos pratos nos serviu, fechou a tasca.

Uma escrita agressiva, directa, com um humor particular, abandonou a blogosfera.

Muito se especulou sobre a Tasqueira herself. IMHO, que nunca a vi, devia ter umas boas mamas... vá-se lá saber que deturpações mentais e complexos freudianos podem levar a estas conjecturas... mas sem imagens, foi o cérebro dela que aprendi a apreciar.

Ganda maluka, um abraço para ti, e que um dia os Pastorinhos te possam convidar para um almoço, numa tasca à tua escolha.

terça-feira, 24 de agosto de 2004

Vá Mourinho, mostra a esses gajos que foste tu quem inventou o futebol

José Mourinho, treinador campeão europeu, agora ao serviço do Chelsea, já está a doutrinar a imprensa inglesa com o seu estilo carismático, como mostram estes excertos do Sportinglife.com:

Chelsea's unsmiling new Portuguese manager Jose Mourinho has demanded respect because he believes is already producing miracles at Stamford Bridge.

Mourinho sat through a 30-minute media preview of Saturday's Premiership clash with Birmingham without raising even a glimmer of humour or excitement.

Instead he launched into a ranting diatribe, criticising the state of the English game, his problems having so little time with the Chelsea players and the lack of credit he and his players have been given by the media.


Além destes comentários, temos também citações de Mourinho himself:

"I was taught to respect other opinions but at the same time my personality is not open to be influenced by critics or by opinions."

"I want to say one thing - I didn't ASK to come here."

"I was in a small country, beautiful in fact, trying to improve, and I became a European champion."

"Some English clubs came after me. I didn't go to to church and pray 'please take me to England'."

"Yet I am a European champion and, as that, I think I deserve a little respect - not much, just a little bit."

"But to play with the spirit, desire and motivation that my new players are doing I think this a miracle. Yes, a miracle."

Na verdade, sobre este tema de já estar a fazer milagres, temos de confessar que Mourinho veio pedir ajuda ao Quarto Segredo. Nós é que lhe dissemos: Não, pá! Tu consegues sozinho. Força, pá, vai lá zurzir no bifes, pá. Mostra-lhes que o cromo do Ferguson não é ninguém! E pronto, o rapaz entusiamou-se e disse aquelas coisas todas.

segunda-feira, 23 de agosto de 2004

Ignorância olímpica

O atleta Manuel Silva, que foi um desastre na sua eliminatória dos 3000 metros obstáculos, ficando 15 segundos atrás do vencedor, cuspiu veneno e acusações em todas as direcções, dizendo que treinava com ténis rotos e que tinha pago a deslocação a Atenas do bolso dele.

Alguém lhe deve ter dado um puxão de orelhas, porque o atleta lá apareceu umas horas depois, qual Madalena arrependida, a desculpar-se em televisão dos disparates que tinha dito.

O jornalista pergunta-lhe: "Então assume aqui a mea culpa?"
Responde Manuel Silva: "Não, não, eu assumo mesmo a culpa toda.", como se o latim mea culpa significasse apenas metade da culpa, "meia culpa".

Ao contrário de outros atletas, o Manuel Silva está na profissão possível - trabalho cerebral seria complicado, e portanto faz na vida uma coisa simples, que é correr em frente, seguindo as linhas da pista, e sempre atrás dos outros, para não se perder.

quinta-feira, 19 de agosto de 2004

Glória Olímpica, as usual...

Os portugueses continuam na mesma onda de sempre: honrosos cagagésimos lugares, que nas palavras dos atletas "são uma óptima experiência" e nas palavras dos comentadores da TV "representam o espírito olímpico de participação".

Não os censuro. Com um calor destes, não deve apetecer nada desatar a correr que nem um parvo pela pista fora... ainda por cima as medalhas só são banhadas a ouro.

Depois, o espírito olímpico anda deturpado. Faltam os desportos em que os portugueses são verdadeiramente bons. Se algum país conseguiu convencer o comité olímpico que "salto sincronizado da prancha de 3 metros" é um desporto de per se, não vejo porque outros desportos, em que os portugueses são claramente medalháveis, não podem ser desportos olímpicos. Aponto como exemplos, além do vulgar hóquei em patins, o emborcanço do cozido, o arroto em comprimento, e o coçanço do tomate sem fazer ferida.

Por último, lamento o desaparecimento de algumas modalidades tão interessantes como o "Tiro ao pombo vivo" dos jogos olímpicos de 1900, ou a "corrida de obstáculos com natação" também de 1900, onde os concorrentes tinham de trepar um poste, correr sobre uma fiada de barcaças, e nadar debaixo de outras tantas.

terça-feira, 17 de agosto de 2004

Dasse! Mas isto cheira a quê?

Recentemente, fui ao antro da cozinha oriental conhecido por "Supermercado Chen", ali ao Poço do Borratém, na Baixa lisboeta.

Além de toda a espécie de comida (?!) e bebida (?!?) que é impossível de perceber o que é, consegui descobrir as algas, o vinagre, o wasabi, o arroz e outros que tais para fazer sushi.

Comprei também gengibre às fatias, cristalizado, que recomendo vivamente. O sabor? Doce de início, agridoce a meio, e exoticamente estranho no fim.

Tudinho arrumado na mala do carro num daqueles dias de calor violento.

Ao final do dia, chego a casa, abro a mala do carro, e Daaaasssse!!

Ganda smell! Fónix! Fosga-se! Que fedor! "Estas merdas chinesas tresandam!" pensei eu.

Ainda procurei o frasco de vinagre de arroz, mas o dito estava inteiro.

Descobri então a melancia de 5 kgs, comprada na vespera e esquecida num canto da bagageira. Com as voltas todas, rachou e fermentou o dia todo. O líquido fermentado escorreu da melancia para a bagageira e a podridão da fermentação cheirava-se a metros do carro.

As repetidas operações de lavagem e limpeza ainda não retiraram todo o cheiro. Fica o alerta para a população em geral: Cuidado com as melancias - elas andem aí, e cheiram mal quando fermentam.

segunda-feira, 16 de agosto de 2004

Bébés... ternurinhas ou meros intestinos com cornetas na ponta?

Tenho um cão bébé. O indivíduo foi introduzido na minha residência, e o primeiro facto que constatei foi a quantidade de caca que uma coisa tão pequena consegue conter. Impressionante mesmo, as quatro alarves poias com que fui presenteado durante uma emocinante noite de doggysitting em que a constante da noite foi, para além das limpezas, a vigilância a todos os objectos que poderiam constituir uma possível tentação para brincar.

Ora, esta problemática é geral nos bébés... ou seja... amamo-los porque são ternurentos e queridos... e desesperamos, porque na realidade não passam de intestinos com cornetas na ponta. Há outras vantagens em ter um bébé. Entrar na Mango ou na Zara com uma criança é garantido que teremos dezenas de mulheres à nossa volta a querer ver, e a fazer algumas perguntas que bem respondidas até podem dar para uma rápida troca de números de telefone:
"Tão querido, é sua filha?"
"Não não... sou o tio solteiro dela... mas é a menina dos meus olhos... faço tudo por ela"
"Ahh, mas toma conta dela?"
"Sim, teve que ser, mas dá tanto trabalho... tenho que arranjar uma pessoa disposta a ajudar-me a tomar conta desta pequena ternurinha"
O resto já se sabe, do "ah e tal, número de telefone e que charme que a menina tem, e que faz logo à noite pois conheço um bar genial, e não não, não tem problema, posso deixar a bébé com a avó..."

O cão está lindo, continua a produzir excelentes exemplares de poias que guardo na memória com o maior orgulho, e se me deixarem entrar na Zara ou Mango com ele, vou averiguar se o efeito é semelhante a uma criança.

terça-feira, 10 de agosto de 2004

Problemática "Dr."

O português, na sua cagança típica de quem quer ser dono e senhor do mundo, e já agora como quem não quer a coisa, tirano de toda a galáxia, tem na fonte da sua essência o prazer de ser chamado por um título honorífico, normalmente associado à sua natureza profissional.

Quem não trata um médico por "Doutor" ou um engenheiro por "Senhor Engenheiro", está claramente a pedir uma expulsão da nossa sociedade. A Fátima debruça-se sobre a problemática do "Dr.", e analisa como esta expressão é usada:

- "Senhor Doutor" - Tipicamente usada quando alguém se dirige a um indivíduo ligado à medicina (pode ser o porteiro do médico, hoje em dia qualquer cunha serve), e é pronunciada com todas as letras, de uma forma clara e expedita, como quem pensa cuidadosamente para não dar um passo em falso, não vá o médico receitar um purgante ao invés das tão necessitadas pílulas para a garganta;

- "Sou'tor" - Expressão usada entre elementos com o mesmo título, e que se encontram ao mesmo nível (exemplo: 2 médicos, 2 administradores, 1 médico e 1 administrador, 2 marialvas universitários após um raid de tascas);

- "Doutor" - É o termo empregue pela secretária do indivíduo, quando se refere ao mesmo;

- "Shô'tour" - A expressão proferida pelo nosso "Dr." quando pergunta à secretária do outro "Dr." se ele está, ou quando algum "Dr." de um escalão superior fala com um "Dr." de escalão inferior...

... confusos?? Ora vejamos como ficaria uma conversa:

- Bom dia Dna. Isilda, o shô'tour está?
- Bom dia senhor doutor... vou ver se o doutor o pode antender...
- Obrigado dna. Isilda... diga ao shô'tour que tenho pressa...
- Pode entrar senhor doutor, o doutor vai recebê-lo agora.
(...)
- Olá sou'tour, como vai?
- Ora viva sou'tour, como vai o meu caro amigo?
- Tudo bem... olhe, falei com o nosso presidente sobre aquele assunto e disse-lhe "Senhor Doutor, precisamos de firmar as condições do negócio o quanto antes", ao que ele me respondeu prontamente "Shô'tour, não tem com que se preocupar, o fax já seguiu"

quinta-feira, 5 de agosto de 2004

D. Lopes, o tunelador.

E corria o ano de 2001 quando o povo vestido de fato de treino votou nas excelentíssimas eleições autárquicas do Reino, e para surpresa de muitos e desgosto de outros que se sentiram à toa, D. Santana Lopes venceu a mui emérita Câmara de Lisboa.

E D. Lopes tinha feito uma mui extensa lista de promessas, algumas pespegadas em cartazes de mau gosto e às avessas, e assim que foi eleito, sentiu a pressão de mostrar trabalho feito, e para desgraça de muitos e alegria de poucos, à bruta e sem maneiras, avançou com o túnel das Amoreiras.

E túnel esse, sem que alguma luz lhe viesse do fundo, mostrou-se de um mau agoiro profundo, pois muitas pedras se levantaram contra D. Lopes, que sempre se esgueirou aos saltos e aos pinotes, até fugir para o lugar de primeiro ministro do Reino, deixando na Câmara um seu braço direito, e sobre isso muitos disseram: - mais valia um coração ou um fígado, pois braços tinha ele dois.

E dos que atiraram pedras destacou-se um cabrão d’hum advogado, que procurou fama sem ser honrado. E do advogado se fala agora.

Pois dizia o cabrão do advogado que faltava um papel, e essa falta era o grande senão do processo do nosso túnel. E tanto chateou e tanto andou, que a porra do túnel encravou. E ficou hum buraco sem remédio nem cura, que a pharmácia não estava à altura.

E o cabrão do advogado, que mais cedo se podia ter levantado, falou alto e gritou, e muitos jornais e juízes ouviram o que arrotou. E assim conseguiu fama na praça, à custa de um túnel de má raça.

E do cabrão do advogado pouco mais se soube, e espera-se que assim continue, até que alguém a língua lhe roube.

E com este pedaço de má prosa me despeço por hoje com a palavra rosa (para rimar…)!

E D. Lopes? Pois…

terça-feira, 3 de agosto de 2004

Mais um crente, uma alma gémea no nonsense

Amigos, devo dizer que tropecei num novo blog, de seu nome Irmã Lúcia, que partilha com o Quarto Segredo algumas afinidades, ao nível do nonsense e da ligação à Fátima, mesmo que o postador de serviço não o saiba.

Transcrevo na íntegra um dos posts, para perceberem o estilo:

Depois de auscultar a habitual fiada de lamúrias no Jornal de Domingo - a porteira ofendida, a idosa acamada, a criança abusada, o meliante algemado, o cão estropiado e o gato sarnento - surge, enfim, o ponto alto da noite. Marcelo oferece um folar de Valpaços a Júlio Magalhães:

- Tome lá, Júlio. Espero que goste.
- Ó professor, muito obrigado. (risos). O que é? Um jogo?
- Não vale a pena chocalhar ao ouvido. É um folar de Valpaços, Júlio.
- Pensei que fosse para comer mas agradeço-lhe na mesma, professor! Vou pousá-lo aqui assim, ao pé desta lembrança que trouxe para si…
- Mas… mas é um bolo de noiva?!!
- De sete andares.
- Onde é que você arranjou isto?!
- Foi no casamento de um amigo. Aproveitei o brinde e enfiei-o no porta-bagagens.
- Você é único, Júlio. Já agora, isto também é para si… um leitão da Bairrada.
- Mas está vivo!
- … e aqui tem a laranjinha.
- Obrigado, professor. Olhe, já agora aproveito e dava-lhe uma coisa que aqui tenho… Ora aqui está ele… um pato!
- Vivo?!
- É verdade, professor. E tem também este frasco.
- Um pato vivo e um frasco vazio, Júlio? Não estou a perceber…
- Para fazer paté, professor.
- Mas que belíssimo presente, Júlio! E agora, se ainda tivermos alguns segundos, tenho aqui… Upa! Aqui está ela… uma cabeça reduzida da América do Sul.
- Ena. Uma cabeça reduzida, professor…
- Não tem nada que agradecer, Júlio.
- Ora essa. Por acaso tinha aqui um desfibrilhador… Ah, cá está ele!
- Obrigado, Júlio. Nunca se sabe quando é que nos faz falta um. (risos)
- E foi assim o Jornal de Domingo. Professor, obrigado mais uma vez…
- Obrigado eu, Júlio.
- Resta-me então marcar encontro com os telespectadores para daqui a uma semana. Tenham uma boa noite e até Domingo!

sexta-feira, 30 de julho de 2004

Um ano de vida!

Custa a acreditar!

Já passou um ano desde que entrei na blogosfera activamente.

O Quarto Segredo da Fátima criou uma pequena legião de seguidores que, na sua vasta maioria, são-me desconhecidos.

O Quarto Segredo da Fátima esteve para se chamar, entre outras possibilidades:

- Em busca de gajas
- Entrada limitada a soutiens copa D
- O meu blog é maior que o teu
- O quarto segredo de Fátima
- Bloga-se!
- O Chafariz
- Diz-me com quem blogas
- Bloga-me os pistões
- Confissões de Dolly Ardente
- A vizinha do lado
- Diz-se nas ruas que...
- No quarto com colegiais
- Flagrantes de um Blog real
-  O blog vai nú
- B.I.L.H.A.S. (Blog imundo, lascivo, humilhante, e altamente surpreendente)

Por fim, surgiu a versão final: O Quarto Segredo da Fátima.

Os 3 pastorinhos iniciais, por ordem alfabética: Axe, Blitzkrieg, Spade. Juntou-se mais tarde o Escarreta verde, com participações pontuais.

Um ano depois, o trabalho profissional, a exigência violenta do post diário, e alguns períodos menos inspirados, fazem com que o projecto "Quarto Segredo" tenha abrandado, mas recusa-se a morrer.

Continuamos a fazer do nonsense a nossa bandeira.  Só não fica pendurada na varanda porque ainda não chegou da China...

Um obrigado a todos os que nos aguentam, e duplo obrigado a todos os que escrevem comentários. Bem hajam.

terça-feira, 27 de julho de 2004

Ouvido de passagem...

...na 3ª Conservatória do Registo Civil, em Lisboa.

Um casal chega para registar o seu filho. Apresentam os respectivos bilhetes de identidade. A ajudante do conservador estabelece o seguinte diálogo com o casal:

Ajundante do conservador: Bilhetes de identidade por favor.
Ela: Aqui estão.
Ac: São casados?
Ela: Sim.
Ele: Sim.
Ac: Data do casamento?
Ela: Dia xx, de xxxxx, de xxxx.

Nesta altura, ela vira-se para ele e pergunta: E tu, quando é que casaste?

quarta-feira, 21 de julho de 2004

Mau ambiente na Rua do Século

José Luís Arnault, o novo ministro das cidades, expulsou o seu colega Nobre Guedes do edifício que pertencia ao Ministério do ambiente, desde os anos 80.

Arnault terá dito: "Esse tipo ia causar mau ambiente. Se calhar até se peidava..."

Nobre Guedes é agora um ministro sem-abrigo, que vai comer à sopa dos pobres enquanto não arranjam um palacete condigno.

Arnault ainda acrescentou: "É bom que seja um sem-abrigo. Assim, vai sentir o ambiente na pele - a chuva, o calor, os gases de escape dos automóveis, enfim, toda a experiência prática que lhe falta para ser um bom ministro."

Entretanto, Nobre Guedes já fez queixinhas a Paulo Portas, que se limitou a dizer "Se quiseres dormir lá em casa...". Nobre Guedes terá recusado o convite, saindo do gabinete de Portas de cuzinho encostado à parede. 


ESPECIAL - PASTORINHO AXE EVADE-SE DA PRISÃO DE ABU GHRAIB

TODA A VERDADE - O TESTEMUNHO REAL NA PRIMEIRA PESSOA

"Um escândalo... nem as toalhas dos bidés eram substituidas diariamente", foram as primeiras palavras deste samaritano, preso desde há tempos imemoriais na prisão Iraquiana de Abu Ghraib. O testemunho é no mínimo impressionante, e deixa-nos a todos a pensar neste flagelo que é o clima de instabilidade que se vive nas nossas agências de viagem.

 - Fátima On-Line - Como é que lá foi parar?
 - Detido Axe - Fui a uma agência de viagens e pedi um destino qualquer que tivesse uma pensão de 5 estrelas e num sítio que estivesse na berra. A dona Esperança Prazeres, que já tem uma certa idade e duas otites agudas, percebeu que eu queria ir para uma prisão com 50 estrelas e num sítio que estivesse em guerra... 
 - F.O. - E o ambiente lá... como é que viveu esses dias?
 - D.A. - Um barrete é o que lhe digo... venderam-me um pequeno almoço de buffet, e era na realidade de bufas... e ainda por cima com a condicionante de que se chegássemos mais tarde já não havia nenhuma. O lobby da prisão não tinha pianista, se bem que os gritos de fundo davam uma certa alegria ao ambiente. E as massagens??? As mangueiradas com os jactos ultra potentes de água davam uma sensação revigorante, mas por mais que berrasse a dizer "Já chega homem, olhe que com tanta água no rabo já estou a gargarejar" eles nada, continuavam a massajar... Uma vergonha.
 - F.O. - E a cela? Tinha condições, ou sentia que definhava naquele antro?
 - D.A. - A cela não era mazinha de todo... tinha um cheiro a queijo agradável e sentia-se que era acolhedora... agora... a casa de banho... um escândalo... nem as toalhas dos bidés eram substituidas diariamente... e os baldes nem sequer tinham papel para colocarmos à volta. Um nojo... olhe, quer ver, ainda tenho as rodelas castanhas nas nádegas, fruto de uma noitada no balde por causa do camelo assado que tinha comido ao jantar.
 - F.O. - E as alegadas agressões dos americanos aos prisioneiros... quer comentar?
 - D.A. - Agressões??? Outro barrete é o que é... vendem-nos uma "experiência exótica sado-maso, com sensações nunca antes vistas" e depois é aquilo??? Minha amiga, até a Odete Canhota que exerce ali na Madragoa proporciona sensações muito melhores. Olhe que nem um cabedal havia...

Fica-nos o registo de mais um consumidor insatisfeito. Mais uma mancha na gestão Bush, que parece aumentar mais do que a mancha na gestão Clinton

(N.R. - Toda e qualquer conotação jocosa entre a mancha na gestão Clinton e a indumentária das suas secretárias, é pura coincidência)

segunda-feira, 19 de julho de 2004

A praia

Fiz uns castelos de areia na praia. Comecei pelo método clássico, de fazer umas torres com o balde de areia e ligá-las com muralhas altas, sem ameias. Olhei para o resultado final - um castelo baixinho e atarracado. Concluí que era uma obra com problemas de acessibilidades e maus arranjos paisagísticos, causados pelas escavações para fazer as torres e muralhas.
 
Avancei para um 2º castelo. Mais próximo da água, com a areia mais húmida. Cavei um fosso oval, perpendicular à rebentação. A areia retirada do fosso (uns bons 20 a 30 baldes de puto) contribuiu para fazer um penhasco do lado de dentro do fosso, no topo do qual, a meio metro de altura, ficou o castelo com as suas 4 torres. Fiz uma porta e uma estrada escarpada. Magnífico. Altivo. Bons acessos. O areal em volta ainda muito conservado. Alguns arranjos paisagísticos e um canal de acesso do mar ao fosso oval completaram a obra.
 
Fui buscar a máquina fotográfica. Encontrei-a depressa. Olhei para o castelo e já estavam uns putos a admirar a construção. Enchi-me de orgulho. Então, uma miúda dos seus 5/6 anos, avança sobre o castelo e espezinha as torres. CABRA.
 
Sei que parece indecente, mas, não há maneira de a pôr na Casa Pia?

sexta-feira, 16 de julho de 2004

Eu também sou candidato!

Depois de António José Seguro, António Vitorino, José Sócrates, José Lamego, João Soares, e outros, mais de 35o personalidades do PS avançaram com uma canditatura ao lugar de secretário geral, entre os quais suspeita-se que existam personalidades do PP, do PSD, e do Bloco de Esquerda (Louçã foi visto a rondar o largo do Rato, usando bigode e barba falsos, estilo Lenine).
 
A maioria dos 350 candidatos terá mesmo afirmado "Se o paspalho do António Seguro pensa que pode ser candidato, então até eu me meto nisso!".
 
Seguro terá reagido a esta onda de candidaturas retirando a sua própria candidatura, dizendo "Não me misturo com a ralé do partido, e uma prova disso é que raramente consigo almoçar com mais do que 3 pessoas do PS".
 
Entretanto, este facto político está a  causar alguma dor de cabeça aos socialistas, para a votação no congresso. Seguindo a tradição elegante de que "candidato não vota!", sobram, nas melhores projecções, apenas 12 congressistas que não serão candidatos e que deverão, consequentemente, votar.
 
Isto tem animado a campanha, que deverá ser inovadora, e centrada em actividades de "marketing one-to-one". Na política à portuguesa, isso significa normalmente pagar uma almoçarada, e os 12 congressistas têm já a agenda perfeitamente cheia, estando alguns com 5 almoços marcados para o mesmo dia, em intervalos de 2 horas, começando a almoçar às 10 da manhã.
 
As inscrições para secretário geral ainda estão abertas. 
 
 

terça-feira, 13 de julho de 2004

D. Lopes, o Povoador

Santana Lopes, na sua cruzada de descentralização do governo da Nação, propõe a Secretaria de Estado das Pescas Regionais e Insulares para as Ilhas Desertas.

Em comunicado emitido, o PM indigitado Santana Lopes refere que é uma boa maneira de povoar as ilhas, que se passarão a chamar Ilhas Lopes, assim que atingirem uma população estável de 3 habitantes.

Esta decisão deixou inconsolada a população da Ilha do Corvo, e os candidatos a habitantes da Ilha do Pessegueiro, ao largo de Porto Covo.

Sabe-se que a ilha de Faro reclama para si a Subsecretaria de Estado do Areal, Sol, Bronze e Surf, mas consta que será a praia da Figueira da Foz a receber a nova subsecretaria, como prémio pela cidade ter aguentado com Santana Lopes tanto tempo, sem se queixar.

segunda-feira, 12 de julho de 2004

Trappatoni em Portugal

Na primeira visita do novo treinador italiano do Benfica a Portugal, Luís Filipe Vieira convida-o para almoçar, e diz: "Em sua honra mister, hoje vamos comer a um restaurante italiano aqui em Lisboa".

Acabado de chegar de Itália, onde todos os dias come pasta, pizza, e bruschetta, Trappatoni responde, irritado, a LFV: "Un ristorante italiano? Ma va fancullo!!".

LFV responde, a impôr a sua autoridade de presidente: "Oh pá, outro dia. Hoje pago eu e vamos ao Mezzaluna".

domingo, 4 de julho de 2004

Deliberações finais sobre o caso Tie Rack & Co.

A Comissão independente de mezinhas, fezadas, rezas, santinhas avulso, trevos e patas de coelho informa que, após análise dos elementos expostos, conclui o seguinte:

- Nunca a Tie Rack & Co. tinha indicado um prazo de validade para a fezada da gravata em causa;
- Comprova-se a presença maligna de Gilberto Madaíl em ambos os jogos de derrota, e a sua ausência nos jogos de vitória;
- Scolari afirma ter rezado às mesmas santinhas de sempre, e Figo manteve a devoção a N. S. Fátima.

Desta forma, não existe base para manter o caso contra a Tie Rack & Co, embora se mantenha a recomendação de que o Sr. PM Durão Barroso vá trocar a porcaria da gravata.

A Comissão independente de mezinhas, fezadas, rezas, santinhas avulso, trevos e patas de coelho irá manter a personagem sinistra conhecida por Gilberto Madaíl debaixo de investigação e sob a acusação de conluio com os gregos.

Suspeita-se adicionalmente que Gilberto Madaíl pretenda importar queijo feta, sem pagar IVA, dissimulando-o no rectum dos jogadores gregos, embrulhado em preservativos. Madaíl, confrontado com as acusações, limitou-se a dizer que era queijo para consumo próprio...

Resposta da Tie Rack

Exmo. Sr. Blitzkrieg,

Compreendemos a dor que o atravessa neste momento de derrota inglória.

De qualquer forma, alertamos para o facto de não ter havido problemas com o prazo de validade da gravata do PM, mas sim com uma força notoriamente maléfica, de seu nome Gilberto Madaíl, que já tinha marcado presença no jogo anterior com a Grécia, que se saldou igualmente por uma derrota.

Declinamos assim qualquer responsabilidade no resultado. De qualquer forma, e assinalando a nossa política de 100% de satisfação, propomo-nos permitir a troca da referida gravata por uma outra, de valor igual ou inferior.

Com os nossos melhores cumprimentos,

Tie Rack & Co.

Protesto oficial

Exmos Srs da Tie Rack,

A gravata de tons e corte medonhos que V. Exas venderam ao nosso PM Durão Barroso apresenta defeitos, nomeadamente um prazo de validade curto para as ambições de toda uma nação.

Desta forma, pretendemos a devolução dos €9,95 ao Exmo. PM Durão Barroso, que nem assim se sentirá ressarcido da derrota que os gregos infligiram a Portugal, apesar de apresentarem o futebol mais feio de todo o campeonato da Europa, edição de 2004.

Aguardando resposta imediata,

Pel'O Quarto Segredo da Fátima,

Blitzkrieg.

Por outro lado, cabrões...

...dos gregos, que mereciam levar com as colunas do Pártenon pelo cu acima.

Parabéns!

Os meus reconhecidos parabéns à equipa vice-campeã da Europa. Parabéns Portugal.

quinta-feira, 1 de julho de 2004

Métodos de avaliação avançados nos EUA, ou “Por mantermos este empregado, há uma aldeia, algures, sem idiota”

Aparentemente, as avaliações de funcionários nos EUA devem ter uma componente onde os avaliadores escrevem o que lhes vai na alma… Esta compilação chegou por e-mail:

1. "Since my last report, this employee has reached
rock-bottom and has started to dig."
2. "I would not allow this employee to breed."
3. "This employee is really not so much of a
has-been, but more of a definite won't be."
4. "Works well when under constant supervision and
cornered like a rat in a trap."
5. "When she opens her mouth, it seems that it is
only to change feet."
6. "This young lady has delusions of adequacy."
7. "He sets low personal standards and then
consistently fails to achieve them."
8. "This employee is depriving a village somewhere
of an idiot."
9. "This employee should go far, and the sooner he
starts, the better."
10. "Got a full 6-pack, but lacks the plastic thingy
to hold it altogether."
11. "A gross ignoramus -- 144 times worse than an
ordinary ignoramus."
12. "He doesn't have ulcers, but he's a carrier."
13. "I would like to go hunting with him sometime."
14. "He's been working with glue too much."
15. "He would argue with a signpost."
16. "He brings a lot of joy whenever he leaves the
room."
17. "When his IQ reaches 50, he should sell."
18. "If you see two people talking and one looks
bored, he's the other one."
19. "A photographic memory but with the lens cover
glued on."
20. "A prime candidate for natural de-selection."
21. "Donated his brain to science before he was done
using it."
22. "Gates are down, the lights are flashing, but
the train isn't coming."
23. "He's got two brains cells, one is lost and the
other is out looking for it."
24. "If he were any more stupid, he'd have to be
watered twice a week."
25. "If you give him a penny for his thoughts, you'd
get change."
26. "If you stand close enough to him, you can hear
the ocean."
27. "It's hard to believe he beat out 1,000,000
other sperm."
28. "One neuron short of a synapse."
29. "Some drink from the fountain of knowledge; he
only gargled."
30. "Takes him 2 hours to watch '60-minutes'."
31. "The wheel is turning, but the hamster is dead."

quarta-feira, 30 de junho de 2004

ANÚNCIO a Pedro Santana Lopes

Pastores capazes de guardar segredos disponibilizam-se para cargos ministeriais.

Deseja-se salário compatível com a posição e contacto íntimo com as Santanetes.

terça-feira, 29 de junho de 2004

irra!

Estou furioso!
Durante estas últimas semanas sem posts na Fátima tinha andado a imaginar um post brilhante e recheado do mais fino humor político.
Era um post obviamente exagerado, mas que pelo exagero caricaturava a situação actual de política nacional. Em traços largos, a ideia era imaginar um cenário futurista de curto prazo em que o nosso primeiro-ministro, após ver o seu partido sofrer a sua maior derrota eleitoral de sempre precisamente em eleições europeias, acabava por ser convidado para presidente da Comissão Europeia (ahahahahahah, o que eu me ri a imaginar isto)... Como se não bastasse, o homem abandonava o poder e deixava no seu lugar a comandar as hostes governativas nada mais nada menos que (ahahahahahahahah)... Pedro Santana Lopes!!! (ahahahahahahahahahahahahahah... que estupidez, meu Deus!!!...).

E pronto, um gajo está uns dias sem cá vir escrever e de repente perde a oportunidade de meter um post genial. Filho da mãe do Durão que afinal parece que tem bastante sentido de humor. Um bocado macabro, é certo, mas tem-no. Ainda um dia o chamamos para pastorinho, é o que é...

segunda-feira, 28 de junho de 2004

A lesão

Durão Barroso conversa com José Luís Arnault, na bancada VIP do Estádio da Luz, no jogo Portugal-Inglaterra.

- Aquele Rooney é um perigo, Zé Luís. Estou preocupado. Vai lá dizer ao Scolari que estou preocupado.
- Telefono-lhe? – diz Arnault, com um ar incrédulo.
- Sim, telefona-lhe. Diz-lhe que tem de mitigar aquele perigo do Rooney. Deve haver alguma táctica para estas coisas, não é Zé Luís? Diz-lhe que estou preocupado. Isso mesmo, preocupado.

Arnault recolhe ao interior da bancada, a fugir do barulho ensurdecedor do estádio, para falar ao telefone com scolari.

- Tou, scolari? O Durão Barroso diz que tens de mitigar o perigo que o Rooney representa.
- Têim qui quêe?
- Mitigar, o Rooney.
- Éeéissoaíí! Vamo já fazê issu mêmo!

Arnault desliga. Pensa em tomar um café, que as emoções do jogo já apertam.

No campo, Scolari grita para Deco – Ôi, é prá estrupiá o Ruuuni! Dá forrti nêli!

Deco traduz para Maniche – É para dar forti no Ruuuni!

Maniche grita para toda a defesa portuguesa ouvir: - F***M o ROONEY!!

Rapidamente, quando a bola está longe, Rooney começa a ser pontapeado nas pernas por todos os elementos da defensiva lusa. Rooney tenta chamar a atenção do 4º árbitro, mas em vão.

Quando recebe uma bola e tenta correr, Rooney sente os ligamentos do tornezelo a ceder. A pancadaria lusa deu resultado. Rooney sai de campo, lesionado.

Durão observa, satisfeito. Arnault regressa do cafezinho.

- Olha Zé Luís, não faças aquele telefonema ao Scolari. Isto do Rooney já se resolveu por si. Se calhar ainda ganhamos o jogo!

Arnault, confuso, olha para o campo. Não vê Rooney. Pensa que Durão Barroso terá falado com Tony Blair e conseguido alguma negociata obscura para tirar Rooney do jogo. Enfim. Alta política, de certeza. O Chefe Barroso deve estar mesmo bem relacionado na Europa. Se calhar ainda ganhamos o campeonato à custa disso.

quinta-feira, 24 de junho de 2004

Alcochete 07:58

O repórter afadiga-se para conseguir os comentários mais recentes da preparação da Selecção Nacional. Toma notas. Figo já comeu 2 torradas, com mel. Deco ainda dorme. Fernando Couto coça os tomates pela 3ª vez. Dizem que é sinal do nervosismo, por não saber se joga contra a Inglaterra. Maniche tira um ou outro macaco do nariz, com o dedo indicador. Deve estar a querer perder algum peso para o jogo – tudo conta. Passa Rui Costa, de óculos de sol, a coçar os tomates. Scolari, entusiasmado, não pára de dizer: ÉééeeÉéeÉéissuaííí galera! Os jogados olham em volta à procura da Galera, mas só vêm a D. Arminda, a servir mais torradas ao Figo, que pinga gel pelas sobrancelhas. Cristiano Ronaldo chega ao treino, sentado numa cadeira, a proteger o rabinho. Queixou-se ao treinador que por ser madeirense e ser o puto da selecção, havia jogadores a quererem enrabá-lo. De resto, tudo calmo em Alcochete. O repórter prepara as notas para a intervenção em directo às 08:04. Depois, há que voltar ao trabalho, com mais informação crucial, para o novo directo, das 08:32.

terça-feira, 22 de junho de 2004

A brazuca do Super bock Super Rock

Tive o Super bock Super Rock mesmo ali pertinho de casa. Foi pena não se ouvir bem o som, ou tinha vendido bilhetes de varanda (sem vista para o palco, nem para a multidão, mas não se pode ter tudo…).

Estava eu alegremente a atravessar o parque perto do recinto, pelas dez da noite, quando surge uma brasileira a perguntar pelo Festival. Apesar de haver uma stream constante e quase ininterrupta de gente na direcção certa, a rapariga sentiu que toda aquela gente podia estar perdida. Vai daí, pergunta-me a mim onde é o festival.

Olhei-a nos olhos. Devagarinho. Dei a resposta. Babei-me. Vi-a a afastar-se na direcção certa, em passadas ansiosas. Babei-me outra vez. Para resumir isto numa frase máscula, era absoluta, rigorosa e totalmente podre de boa.

Rapidamente percebi que tinha sucumbido mais uma vez ao SGB (síndrome gaja boa). Atacado de SGB, fui incapaz de lhe dar a direcção da minha casa…

segunda-feira, 21 de junho de 2004

O regresso...

Finalmente, o regresso ao posting activo!

Depois da vitória de ontem sobre a escumalha castelhana, devo dizer que fiquei a apreciar ainda mais os "achievements" de Luís Figo.

Na verdade, atingiu o zénite do sonho do macho português médio:

- Passar os dias a jogar à bola e ser reconhecido mundialmente por isso
- Ganhar rios de dinheiro
- Casar com uma sueca loira

Plantar uma árvore, ter um filho, escrever um livro? O gajo fez muito melhor! Quanto mais não seja porque passar os dias a tentar engravidar a Helen Svedin já deve ser só por si um sonho.

Agora não me venham dizer que o Eusébio fez melhor...

sexta-feira, 30 de abril de 2004

Férias...

Vou tirar férias do Blog.

O trabalho não me permite acompanhar o ritmo que o blog exige. O resto do Conselho Pastoral do Quarto Segredo também está de corda ao pescoço com trabalho, pelo que me parece que iremos abrandar fortemente o ritmo de novos posts.

Conto voltar activamente à blogosfera dentro de um mês, a um ritmo que ainda desconheço.

quarta-feira, 28 de abril de 2004

Um pastorinho em Fátima

Como pastorinho do Quarto Segredo, fui este fim de semana a Fátima, mas longe do Santuário. Na verdade, com o que já escrevi aqui devo ser bombardeado com bíblias e excomungado por megafone se me aproximar a menos de 100 metros do Santuário…

Fui ao kartódromo de Fátima, isso sim. Nunca lá tinha corrido, e não gostei particularmente da pista – não há uma única travagem para homens e 95% da pista é feita a fundo, mesmo com os karts de 270cc. Nem um gancho a sério, nem uma chicane de torcer as costas, nada. Não há nenhuma daquelas curvas apertadíssimas com travagens brutais em que temos de lançar uma âncora ao apex da curva para manter o kart em pista. Enfim, não é o meu género de circuito. Com chuva deve ter mais piada, calculo eu.

Escrevo o post porque fui protagonista do insólito. Num dos 3 pontos de travagem suave do circuito houve um cretino que entrou a fundo e deixou o kart fugir todo de traseira, quase saindo de pista. Entro eu na curva, na trajectória normal, quando a besta asinina, numa tentativa de recuperar o kart, mantém a aceleração a fundo e embica o kart – já estão a ver para onde – na minha direcção.

Nunca pensei que o gajo continuasse com a estupidez. Levei a chamada “fruta lateral”. O choque, com força, arrancou metade da grelha traseira de protecção do kart, fazendo-o saltar um pouco. Fiquei com a grelha a arrastar na pista, num cagaçal irritante, a largar faíscas.

Sem olhar para trás, presumi que fosse o cano de escape a arrastar.

Com medo que o dito saltasse e acertasse em alguém, entrei directo na box, bracinho levantado a sinalizar a entrada.

Com isto, olho para a recta da meta e vejo o Director de Prova, de bandeira de xadrez na mão, a olhar estupefacto para mim a entrar na box – era a última volta e ia ganhar aquilo (prova de equipa com o amigo Vitor – não quero levar os louros todos)!

Ganhei a prova à entrada da box, na continuação teórica da linha de meta, porque o transponder que conta as voltas funciona nas boxes. Depois de uma destas, nem tive coragem de abrir o champanhe...

Como consolo, resta-me a perspectiva moral, em que me preocupei mais com a segurança em pista do que com a vitória na prova… embora o meu companheiro de equipa tenha uma perspectiva diferente, na qual ele não pára de rir.

sexta-feira, 23 de abril de 2004

Merda de blogger!!!

Então este filho de um asno cego não quer publicar o último post, nem à força da opção "publish entire blog"?

Este corno que o foi 100 vezes recusa-se a mostrar a escuta telefónica feita à Dinastia Loureiro (pai e filho), no âmbito da operação apito dourado?

Blogger, que 10 virus te corroam o código, a ti a todas as tuas versões e evoluções, até à nona geração do teu programa!

quinta-feira, 22 de abril de 2004

Pai e filho (escuta telefónica não autorizada)

Filho: Paizinho, ainda estás na prisão?
Pai: Car(pzzt), não digas isso alto que a tua mãe oube!
F: Os jornalistas perguntaram todos por ti.
P: P... que os pariu! E o que dissestes?
F: Que tinha muitas saudades, carago! E que habias de boltar ao Boabista!
P: Ao xadrez? O car...!
F: Paizinho, é berdade que já almoçaste com o Bale e Azebedo?
P: Com esse cabrão que comprou mais árbitros do que eu? Oh car... não podia dizer isto que o telefone debe estar sob escuta!
F: Eu escuto paizinho.
P: Não és tu car... é a bófia!
F: O que é que disseste à bófia sobre o Pinto da Costa? O Pintinho já me telefonou... aflito, o cabrão!
P: O Pintinho que esteja descansado que não fui eu a fritá-lo, car... há 52 árbitros a quererem testemunhar contra ele, car...
F: Paizinho, se não saíres, e já que fiquei com a presidência do Boabista, também posso ficar como presidente da Câmara de Gondomar?
P: O corno! E no cuzinho, não?

sexta-feira, 2 de abril de 2004

Grandes pedradas na América do Sul

O excesso de consumo de folhas de coca pela população em geral em muitos países da América do Sul leva a que até mesmo os sinais de trânsito - como este exemplo do Equador - denotem efeitos de grandes pedradas.

quinta-feira, 1 de abril de 2004

o quarto segredo finalmente revelado

Caros leitores, finalmente chegou a hora da verdade.

Desde Julho do ano passado que andamos por cá a falar de segredos e de Fátimas, mas sempre escondidos por trás de 4 pseudónimos - Axe, Blitzkrieg, Spade e o mais recente e enigmático Escarreta Verde.

Pois bem, hoje pareceu-nos por bem revelar finalmente ao mundo bloguista quem somos na realidade. Aqui vai então:

Axe - viajante pelo estrangeiro, com inúmeros posts falando das diferenças culturais entre o nosso país e os diversos países europeus, guia um belíssimo carro e mete-se ao despique em rotundas com velhinhas. Se por esta descrição ainda não perceberam quem é, eu explico: o nosso Axe é nem mais nem menos que António Vitorino, Comissário Europeu.

Blitzkrieg - o mais activo e activista dos 4 Pastorinhos, conduz à maluca achando-se acima da lei, conhece a fundo as actividades mais íntimas de Mário Soares e Maria Barroso, não gosta do Porto, não gosta de Israel... Já estão mesmo a ver, não é? :) É verdade, caros leitores! Blitzkrieg é João Soares, ex-presidente da Câmara de Lisboa e candidato a candidato a sucessor de Ferro Rodrigues.

Spade - escreve pouco, quando escreve é para falar durante que tempos (sendo que provavelmente ninguém lhe liga) e já ninguém ouvia falar dele há que tempos. Sim, o Spade (eu...) é Álvaro Cunhal.

Escarreta Verde - apareceu, transmitiu a sua mensagem e nunca mais ninguém o viu. Por vezes há quem diga que o vê surgir miraculosamente nos comentários a outros posts, o que leva a grande polémica sobre a sua existência - há quem a refute terminantemente e há quem tenha grande fé não só na sua existência como também na sua espiritualidade máxima. Por aqui já se devia perceber tudo, mas eu prefiro chamar os bois pelos nomes, salvo seja: o Escarreta Verde é Jesus Cristo.

E pronto. Ficam assim reveladas as nossas identidades. António Vitorino, João Soares, Álvaro Cunhal e Jesus Cristo. Somos nós.


(Ah, e garanto que tudo isto é verdade. A sério.)

Políticos a um canto...

Hoje o DN (para os nossos leitores do Norte: Diário de Notícias, aquele jornal sulista, liberal, e etc.) publica uma notícia pela qual há muito eu ansiava: os ministérios vão juntar-se quase todos em Monsanto.

Porquê Monsanto? Indiquem nos comentários os motivos pelos quais vos parece que está a ser escolhido o Parque de Monsanto:

- É um parque natural, onde se pretende a conservação em formol de alguns políticos;
- Há putas;
- Também deve haver travestis;
- Poupa-se nas casas de banho dos ministérios, porque toda a gente vai fazer atrás das árvores;
- A Casa Pia de Pina Manique é bastante perto;
- O Parque de Monsanto era aquele 0,8% da cidade que ainda não tinha trânsito infernal nem parquímetros da EMEL;
- O Santana Lopes já lá mora (Residência oficial do presidente da câmara) mas sentia-se sozinho...

segunda-feira, 29 de março de 2004

2 Mad 2 Broke

Fui multado, hoje. Além de furioso, fiquei com um corte valente na carteira...

Multado por conduzir e falar ao telefone. A fúria toda vem de nem ter dito uma palavrinha sequer ao telefone, porque não houve tempo. Tecnicamente, podia ter argumentado que não falei enquanto conduzi. Na verdade, como nem tinha as mãos no volante, até podia argumentar que também não estava a conduzir, mas pareceu-me que o Sr. agente Pires, da BT não ia perceber... limitei-me a aceitar a multa e chorar a pipa de massa que isto vai custar.

...da-se!

sexta-feira, 26 de março de 2004

2 Fast 2 Furious 2 Old

8:50, saio de casa para os meus 15 minutos matinais de condução. Na curva da ponte antiga sinto um carro a pressionar o andamento, procurando a nervosamente ultrapassagem. Acelero, não gosto de pressões e estou rabugento. O carro atrás de mim acompanha o incremento de velocidade, continuando a sua incessante pressão. Olho pelo espelho e vejo um cabelo armado cinzento... não quero acreditar... uma octagenária tresloucada procura a ultrapassagem com um esgar nos lábios. No alargamento perto da primeira rotunda, a louca mete uma abaixo e rasga o alcatrão enquanto se mete lado a lado com o meu carro. Fazemos a rotunda a trocar proximidades de espelho e saímos numa fúria de quem não pode ficar atrás. Sinto o turbo a gritar por mais uma mudança... ignoro-o, não há aqui meninos, tem que se aguentar. O computador enlouquece nos consumos e dispara o alarme de velocidade... desligo-o, sou eu ou ela. O Alfa 147 da senhora queima óleo soltando uma nuvem de fumo com uma amálgama de cores assustadoras, mas aguenta-se herculeamente. Aproximamo-nos da derradeira rotunda, onde acalmo as 5.500 rotações do motor ao ser travado por um condutor alheio à disputa. A senhora passa, vencedora, e faz-me um olhar despreocupado, em que na realidade, e juro que só eu é que vi, me fez uns corninhos com a mão esquerda, enquanto murmura com um ar de escárnio "'teve-se fixe miúdo, acredita, ´tás quase lá".

Ensaio sobre o pudor, ou, A Barbara Guimarães também caga

Parece haver na sociedade portuguesa um elevado pudor sobre as funções escatológicas normais do organismo.

Esclareço desde já do que falo - escatologia: do Gr. skór, skatós, excremento + lógos, tratado s. f., tratado sobre os excrementos.

De facto, choca-me que certas pessoas se coloquem a um nível tão alto que aparentemente... nem cagam. Um pouco ao estilo "a nobreza não caga, quando muito mija, e quando o faz é por graça. O povo sim, mija, caga, e peida-se com estrépito".

O povo também já interiorizou este complexo de inferioridade. Exemplifico. O Dr. Mário Soares tem ar de largar umas valentes postas, mas a sua excelsa esposa, a Dra. Maria Barroso, certamente não se peidará, e se cagar, será às bolinhas, tipo almondegas, por ser mais chique.
A questão afecta as classes sociais mas também não é pacífica entre os sexos. Passo a ilustrar. Uma senhora tem pavor de deixar a casa de banho a cheirar mal. Um homem, se puder, peida-se silenciosamente no elevador e sai, já com um incontido sorriso de orelha a orelha, com a antevisão dos estragos que a flatulência vai causar.

É uma questão de imposição puramente social. Uma criança de tenra idade faz o que tiver de fazer, em qualquer lado. É apenas a consciência da pressão social que irá condicionar o seu comportamento futuro, impedindo que na fase adulta se peide abundantemente num escritório ou em locais públicos. Esta pressão social leva que se pense que certas individualidades não se aliviam nem mesmo na intimidade.

Pois o Quarto Segredo revela-vos aqui, em primeira mão: a Barbara Guimarães também caga.

Sei que choca alguns. Porventura, excitará outros...

E revelação bombástica: todos o fazemos! É por isso que o papel higiénico ocupa tanto espaço de venda num supermercado.

Fica o esclarecimento feito.

quarta-feira, 24 de março de 2004

A saga continua...

Mourinho 2 : 0 Resto do Mundo

Este homem devia ser enviado para o Iraque, para o Afeganistão, para Israel, para o Porto, ou para o País Basco. Vence tudo e todos, um verdadeiro porta-estandarte da Vitória, da Glória, e... e.... e de outras gajas de que agora não me lembro.

Este verdadeiro tanque de combate, de guerrilha urbana, poderia ser usado para apaziguar os nacionalismos regionais exacerbados que pululam aqui e alí, e deveria ser... ahn?, Quê? Já está no Porto? E do lado errado da barricada? Fosga-se! E não se pode chamar os israelitas?

terça-feira, 23 de março de 2004

Terrorismo israelita

Uma confusão.

Tal como nos filmes. Um helicóptero sai de trás de uns edifícios, passa um caça num voo rasante para abafar os sons das explosões e o heli lança um missil terra-ar para assassinar o lider do "HAMAS" à saída de uma mesquita. Tudo isto em Israel.

Vê-se que foi a chamada jogada de laboratório, tudo muito bem estudado.

Os israelitas são uns complicados. Então para matar um terrorista velhote de quase 70 anos, preso a uma cadeira de rodas, era preciso isto tudo? Um tiro nos cornos não bastava? Um sniper, coisa e tal... mas não, vamos lá complicar e trazer helis, e caças, e mísseis, e o diabo a quatro. E a nojeira que aquilo deve ter feito? Além de um buraco no chão que alguém vai ter de tapar, também vão ter de arranjar voluntários para raspar os restos do velhote que ficaram colados à parede da mesquita e pendurados nas palmeiras mais próximas.

segunda-feira, 22 de março de 2004

A ordem natural das coisas

Este sábado, no último dia de Inverno, esteve um dia de Verão.
Este domingo, no primeiro dia da Primavera, esteve um dia de Outono.
Este sábado tive uma tarde descansada sem ser arrastado para lojas.
Este domingo, a enciclopédia do Público revelou-se mais fraca que a enciclopédia do Correio da Manhã.
Este Sábado fiquei à frente do meu amigo Vitor na prova de karts.

A ordem natural das coisas parece andar subvertida.

quinta-feira, 18 de março de 2004

Dicionário da língua Portuguesa - novidades

Fui ao site destes senhores e meti-me a ver alguns sinónimos. Qual o meu espanto quando reparo que algumas das palavras que consideramos calão e/ou até mesmo ofensivas já são consideradas nos nossos dicionários. Vejamos alguns exemplos:

Traque - s. m., pleb.,
estrépito produzido pela saída de ventosidades expelidas pelo ânus

Chiça - interj., gír.,
exprime desprezo, repugnância, protesto ou recusa.

Pito - pop.,
vulva

Gaja - s. f.,
fulana;
sujeita pouco distinta;
mulher velhaca, manhosa

Porra - interj.,
arre!, irra!.

merda - s. f.,
matérias fecais;
excremento;
porcaria;
coisa insignificante;
s. m., fig.,
indivíduo reles, sem dignidade;
interj.,
indicativa de desprezo, repulsão ou exasperação;
gír.,
droga.

E pronto, uma vez que já são palavras reconhecidas pela língua Portuguesa, já as podemos utilizar nos nossos documentos oficiais, cartas pessoais e todas as outras formas de comunicação do nosso dia-a-dia.

segunda-feira, 15 de março de 2004

João Pedro Pais, poeta (?!?) injustiçado

Recebi um texto de um amigo - Diogo, um abraço! - que não resisto a publicar na íntegra:

João Pedro Pais é, para alguns, o melhor músico da sua geração.
Para outros é o "Robbie Williams português". Para mim é um dicionário de rimas ambulante. Um dicionário de sinónimos Porto Editora, uma enciclopédia e o CD "Falar por Sinais" são o necessário para uma tarde bem passada a fazer Palavras-Cruzadas.

Mas não nos fiquemos só pelo riso sufocado enquanto desligamos rapidamente a RFM. Numa primeira tentativa de encontrar o real significado de cada verso por detrás do elevado estado alcoolizado do autor, tenho o prazer de apresentar uma análise cuidada do hit "Um Resto de Tudo".

Um Resto De Tudo

Desce pela avenida a lua nua
(Estou a descer uma avenida à noite)
Divagando à sorte, dormita nas ruas
(Estou desorientado e com sono. Ao usar ruas em vez de
"avenidas" já consigo quase rimar com lua nua)
Faz-se de esquecida, a minha e tua
(Não sei o que acabei de escrever mas pelo menos "tua" também rima
com lua nua) Deixando um rasto, que nos apazigua
(Lua, nua, ruas, tua, apazigua. Boa. Vem aí o refrão!)
Refrão:
Sou um ser que odeias mas que gostas de amar
(Uma contradição fica sempre bem)
Como um barco perdido à deriva no mar
(Grandiosa comparação: "Um ser que odeias mas gostas de
amar como um barco perdido à deriva no mar". As outras
hipóteses eram "como um pássaro ferido a tentar voar" e "como
um bife vendido, num talho do Lumiar")
A vida que levas de novo outra vez
("De novo outra vez", espero que seja suficiente para
passar a ideia de repetição)
O mundo que gira sempre a teus pés
(A Terra gira sobre si própria. É um facto. Já
Copérnico o afirmava, mas nunca foi Disco de Platina)
Sou a palavra amiga que gostas de ouvir
(Tu e mais 120 mil que compraram a merda do cd)
A sombra esquecida que te viu partir
(Pá, fica mesmo giro isto de meter sempre um adjectivo
estranho à frente dos nomes: palavra amiga, sombra esquecida,
noite vadia...)
A noite vadia que queres conhecer
(Abordagem a problemas sociais como a vadiagem e a
prostituição)
Sou mais um dos homens que te nega e dá prazer
(Mais uma contradição, estou imparável!)
A voz da tua alma que te faz levitar
(Um certo exotismo oriental)
O átrio da escada para tu te sentares
(Não rima muito bem com levitar, damn it! )
Sou as cartas rasgadas que tu não lês
(Não entendo pá, será que ela não gosta dos meus poemas?)
A tua verdade, mostrando quem és
(O que é a Verdade? Quem somos? Para onde vamos?)
Entra pela vitrina surrealista
(Eu optava pela porta, mas isso sou eu)
Faz malabarismo a ilusionista
(Ou "faz contorcionismo a trapezista")
Ilumina o céu que nos devora
(Estou completamente pedrado)
Já se sente o frio, está na hora de irmos embora
(Devora, hora, embora...)
Sou um ser que odeias mas que gostas de amar
Como um barco perdido à deriva no mar... (gostava mais
do bife no talho do Lumiar, mas o que fazer...)

sexta-feira, 12 de março de 2004

Chinesices

Trânsito por escadas

Autocolante afixado no espelho de uma casa de banho, no 3º piso de uma conhecida empresa pública:

"No trânsito por escadas, redobre de cuidado.

NÃO CORRA

NÃO LEIA

NÃO SE DISTRAIA"

Pois é, nunca sabemos onde é que podemos encontrar avisos pertinentes.

quarta-feira, 10 de março de 2004

Fui de metro...

... e sentou-se à minha frente um senhor que cheirava a fondue de queijo.

Por momentos ainda pensei em barrar um bocadinho de pão nele, mas achei que ele se podia chatear com as migalhas. Ao fim ao cabo, cheirar a fondue de queijo é algo importante e uma pessoa que cheira assim não deve ser importunada com actos mesquinhos do povo subordinado.

Noutra situação fui também ao lado da Grande Elefanta, a mãe do glorioso Shaka-Zulu, que ostentava um portentoso casaco de peles, provavelmente de urso castanho da Sibéria, e que ocupava, à vontadinha, 1/3 da carruagem. Quando saí fiz-lhe uma vénia, o que a deixou algo perplexa, talvez por pensar que nunca seria reconhecida tal discreto era o seu disfarce.

Aconselho ainda vivamente a quem andar de metro, durante a hora de ponta, a sorver fortes lufadas de ar vitamínico. "Vitamínico" dizem vocês? Sim, vitamínico, pois o ar do metro cheira exactamente a umas vitaminas que tomei em tempos e que sabiam horrivelmente mal. Por isso o ar do metro é bom e saudável, e se puderem, escolham ficar debaixo daquele sovaquinho que deixa antever uns pelitos já cristalizados com desodorizante ressequido.

Andar de metro é bom e faz bem.

terça-feira, 9 de março de 2004

Taxi driver

Axe, sobre taxistas, acho que ainda estamos descansados, porque continuam a ser embrutecidos e com ar de cães raivosos, como se quer e deve ser.

Ainda a semana passada entrei num que se meteu na conversa entre os 3 passageiros, sobre já estarmos atrasados, e que disse: Um homem espera sempre, a não ser para dar uma queca.

E nem mais. Um homem espera sempre, a não ser para dar uma queca.

E desfiou de seguida toda a sua filosofia de esperas e corridas para quecas com a amantizada. Entrou nos detalhes sórdidos de gostar assim e assado e ao irmos em direcção ao Marquês de Pombal, em Lisboa, ainda fez toda uma elocução completa sobre as famosas obras do túnel do Marquês com a explicação do método de estacas em betão para construir o túnel.

É d'homem. Só não cuspiu pela janela, mas com o que falou, também nem teve tempo, o desgraçado.

sábado, 6 de março de 2004

Desabafo

As profissões de macho estão a ser cada vez mais invadidas por indivíduos de carácter boiola. Não é a primeira vez que abordo este assunto aqui na Fátima, mas então não é que fui cortar o cabelo a um barbeiro e aparecem-me dois veados brasileiros, um a tresandar a perfume Burberry’s e o outro a tresandar a baunilha? Mas o que é que vem a ser isto?? Uma profissão de macho e aparece-me um cor-de-rosa a cheirar a baunilha???? Qualquer dia entro num táxi, e em vez de apanhar um condutor embrutecido como seria expectável, apanho com um cruzeta a cheirar a Stratacciella (ou lá como esta coisa se escreve). Mas é que é demais… o nível de virilidade anda a diminuir drasticamente nas profissões de homens de barba rija… até o ministro da defesa, que deveria ser um militar austero com punho de ferro, é um gajito que só se preocupa em aconchegar submarinos… irra.

E pronto, foi um desabafo de alguém que acabou de ter um panasca a massajar-lhe o couro cabeludo e…. mmnraaarrrrrggghhhhhhhhhh… sabe-se lá onde é que aquelas mãos já tinham andado…

quarta-feira, 3 de março de 2004

Quem está de fora cala o bico!

Um tema que me intriga é o Paulo Portas a tomar posição política sobre o aborto. Ora, o ministro larilas não contribui...

Se não contribui para nenhuma gravidez indesejada, porque é que fala do tema? Não tem, nem terá conhecimento de causa.

É o mesmo que o Guterres a falar da tabuada...

É o mesmo que o Vale e Azevedo a fazer um discurso de ética...

O Pinto da Costa a criticar a máfia do futebol...

Porque é que o Paulo Portas fará estas coisas?

terça-feira, 2 de março de 2004

Comissão Europeia - relatório Echelon

Então não é que os camelos dos americanos ouvem quase tudo o que querem?! Eu que nem era anti-americano, sinto-me pelo menos tentado a arrotar em grande sempre que atender um telefone, acrescentando de seguida: "perdão, foi para o espião americano que nos escuta e não para ti".

Segundo um relatório da UE "Qualquer comunicação pode ser interceptada no local se o interceptador estiver decidido a infringir a lei e o interceptado não se proteger.

- As conversas no interior de edifícios podem ser interceptadas por meio de microfones
escondidos (escutas) ou de equipamento laser que capta as vibrações das janelas.
- Os ecrãs emitem radiação que pode ser captada até uma distância de 30 metros; deste
modo, as imagens que aparecem no ecrã tornam-se visíveis.
- O telefone, o telefax e o correio electrónico podem ser interceptados se o interceptador
fizer uma ligação aos cabos que saem do edifício.
- Um telemóvel pode ser interceptado, ainda que tal seja tecnicamente difícil, se a estação
de intercepção se situar na mesma célula (diâmetro em meio urbano - 300 metros; em
meio rural - 30 quilómetros).
- As radiocomunicações móveis privadas podem ser interceptadas dentro do alcance das
ondas rádio ultracurtas."

E é isto! Cambada d'um raio.

Como não falam em blogs, vou aproveitar, com inspiração Haddock, para chamar uns nomes aos gajos do Echelon: Bando de ectoplasmas, baqui-bazuques, estafermos, anacolutos!

E já agora que estou nisto: O Bush é larilas! O Clinton come por trás! O rato Mickey nunca comeu a Minie! O Blair é corno! O Manchester joga mal! Nova Yorque cheira a esgotos!

E pronto. Umas para americanos e outras para ingleses. Já desabafei. Os gajos que leiam isto no Echelon se conseguirem.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2004

Manual de procedimentos - como passar o tempo num casamento

Todos atravessamos a fase em que todos os nossos amigos e primos decidem casar - dura 3 a 4 anos no pico (+ de 5 casamentos/ano) e depois abranda.

É uma fase dura, com muitos fins de semana cheios de sol e a prometerem praia, estragados.

A parte dura - a cerimónia na igreja - pode ser suavizada com algumas medidas simples:

Esmurrar a caixa de esmolas - escolher um lugar junto à caixa de esmolas, e aproveitando o coro de "Oremos ao Senhor", esmurrar a caixa violentamente. Se sair jackpot, pagar cervejas aos amigos à saída da Igreja.

Fazer a onda - alinhar os amigos todos em 2 filas na Igreja, e após cada sim dos nubentes, fazer a onda acompanhada de um grito colectivo de "Aleluia". Desentorpece as pernas e anima a cerimónia.

Executar cânticos russos - embora os padres sejam habitualmente pessoas pouco ecléticas, e portanto pouco receptivas a inovações como folclore russo nas igrejas portuguesas, é sempre um acto pujante cantar em coro - durante o beijo nupcial - esse clássico russo que é o "Vai lá ka líiinguaa, ka líiinguaa, ka líiinguaa; Vai lá ka líiinguaa, ka líiinguaa, ka líiinguaa!".

Música clássica - se o casamento tiver uma parte de cânticos religiosos, tirar à sorte (entre os amigos) alguém para interpretar a solo o "Ave Maria" de Schubert. O mais provável é sair dali uma dose de cantoria esganiçada, de levar às lágrimas meia igreja, seja de riso ou de dor de ouvidos.

Contagens - se tudo o resto falhar, procurar algo mais interessante para fazer do que ouvir a cerimónia, como por exemplo contar os azulejos ou os vitrais. É sempre útil, como icebraker, dizer que a Igreja de Sta. Qualquercoisa tem 27 vitrais e mais de 600 azulejos... bem, quase sempre.

Nota final, só para gajos solteiros: passar a cerimónia a procurar as gajas com o melhor decote e aparentemente disponíveis - ajuda a determinar as melhores mesas no respasto pós-fotos.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

Mas como... COMO????

O mail da Fátima anda ao rubro. Diariamente recebemos mails que nos dão um trabalho imensurável a organizar. Ninguém imagina o que é receber 20 mails por dia para aumentar o pénis, hipotecar a casa ou ter acesso a receitas médicas, e ter que analisá-los cuidadosamente se deverão ir para o lixo, ou para os nossos mails privados.
Efectivamente, continuo muito curioso sobre essa história de aumentar o pénis. Mas que raios vem ser aquilo? Huuummm???? Que modernice é esta? É que os gajos não dizem, não senhor, pelo que um tipo se vê forçado a um exercício mental para pensar no processo. Será que o Kit de aumentar o pénis consiste num fio de nylon, um osso de borracha, e um Rotweiller? Atamos o fio ao dito e ao cão, atiramos o osso e, desafiando todas as leis da física, ficamos com um portentoso equipamento? Bizarro no mínimo… Mas, será um spray ao nível do famoso GLH (quem não se lembra do spray GLH, destinado a dar ideia de uma farta cabeleira, mítico produto dos primórdios da TV Shop em Portugal, que com apenas umas borrifadelas transformávamos o mais careca dos carecas num James Brown invejável)? Umas borrifadelas no pénis cobrindo toda a área útil, e elas nem vão notar a diferença (não que me pareça particularmente excitante andar com o James Brown entre as pernas)?? Será mesmo que esse tal de kit não é na realidade uma tromba de elefante bebé (existe uma anedota sobre isto) que após implementada, para além de nos tornar no John Holmes lá do bairro, nos vai dar mais mobilidade em ir apanhar uns amendoins e a cerveja enquanto estamos a ver a bola na T.V.???

Co’a breca senhores. Parem lá com a publicidade estúpida. Estamos fartos de publicidade para qualquer lado que olhemos

Este post teve o patrocínio de: “Perucas Quarto Segredo – Para que a sua cabeça não meta medo”

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2004

Carlos Cruzeta* - os diários da prisão 2

* O nome de Carlos Cruz foi alterado para garantir o seu anonimato

Lisboa, dia p+14

Tenho evitado os chuveiros da prisão, com medo que me escorregue o sabonete... há muita gente a fazer ameaças.
Tomo banho na água que trago na bica do café. É pouca mas dá para as partes íntimas.

A Ramela visitou-me hoje. Disse que a TVI já não está lá fora. Demorou-se pouco porque o Já Fermentas tinha o carro mal estacionado à porta da prisão. Mas porque é que este gajo anda sempre em cima da minha mulher? Ainda mudo de advogado!

Fiz um requerimento ao Director da prisão. Pedi um rato e algumas pulgas - gostava de montar um pequeno número de circo, como vi num filme na televisão, para ver se ocupo o tempo. Vamos ver. Talvez seja aprovado.

Ontem no DIAP voltaram a fazer piadinhas. "Sr. Cruzeta, troque lá isso por miúdos... ", engraçadinhos! E riem-se, os parvos. Se me apanho fora daqui, faço-lhes como o pretalhão no Pulp Fiction, que disse "I'll go medieval on your ass!!". Nota mental - pedir à Ramela para comprar um maçarico de acetileno...

E continuo preso. Mais um dia. Kafkiano. Muito kafkiano...

terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

Carlos Cruzeta* - os diários da prisão

*O nome de Carlos Cruz foi alterado para garantir o seu anonimato

Lisboa, dia n+3

Faz 3 meses que saiu o Paulo Pedregoso (o nome de Paulo Pedroso foi alterado para garantir o seu anonimato). Tenho saudades dele, de trocar uns bilhetes anónimos. E eu, quando sairei?

Hoje comi miúdos de frango pela 3ª vez esta semana. Ainda não percebi se é piada da cozinheira, ou se têm legitima pena de mim.

Mais uma vez, o Ricardo Já Fermentas (o nome de Ricardo Sá Fernandes foi alterado para garantir o seu anonimato) disse que falou com a minha mulher. Que raio. O gajo fala muito com a minha mulher. Tenho de tirar isto a limpo com a Ramela (o nome de Raquel Cruz foi alterado para garantir o seu anonimato).

Fui ao DIAP mais uma vez. O Juiz continua com as mesmas perguntas parvas, e já não sei o que dizer. Aproveitei, e palitei os dentes - ele é cada bocado de carne entre os caninos e os molares!
Apesar de eu dizer que a minha mulher sempre me acompanhou para todo o lado, o Juiz continua a insinuar que ela não conhece Elvas. Que conversa parva. Repeti-lhe pela enésima vez: "Oiça, conheço a minha mulher intimamente desde os seus 11 anos, e nunca a vi mentir!". Mas não - ninguém acredita. Assim, como é que um tipo de defende?

Isto é kafkiano. Vou dormir, e talvez acorde em casa.

Manual de procedimentos – Como passar o tempo no trânsito

Quem tem o azar de viver em grandes cidades já se habituou a passar parte dos seus dias enclausurado em bichas (e não é em experiências homossexuais sado-maso, é mesmo no trânsito) sem saber muito bem o que fazer. Uma vez que, contabilizadas ao fim do ano, as horas gastas neste mal necessário dão resultados assustadores, no âmbito da vertente de utilidade pública do Quarto Segredo, vimos aqui fazer com base numa amostragem bastante considerável recolhida esta manhã, um compêndio de actividades possíveis:
- Dançar freneticamente – O espécimen feminino que conduzia um Lancia Y10 fez do seu carro uma verdadeira pista de dança. Agitava-se, bamboleava-se, cantava e punha em prática as suas melhores coreografias possíveis num habitáculo. Chegou quase, e vejam bem a loucura, a esticar dois braços em simultâneo, o que num Y10 é obra. Nem o facto de eu estar com um ar estupefacto a olhar para ela a demoveu de executar os seus passos (neste caso, abananços) mais famosos.
- Olhar vegetativamente para o prédio ao lado – é uma tarefa difícil e que consiste em, com um ar de repolho anafado©, fixar uma janela ou uma porta num prédio ao lado do veículo. Esta performance é famosa pelo seu carácter relaxante e hipnótico, não só para o praticante como para as pessoas que lhe estão próximas. Quem nunca deu por sim a olhar fixamente para o caramelo do lado, que por sua vez está com ar de parvo a olhar para o prédio oposto?
- Proceder a uma limpeza minuciosa do nariz – Muitas vezes olhamos para o veículo do lado e deparamo-nos com o fabuloso espectáculo do misterioso desaparecimento do dedo indicador. Assim que nos damos conta que tem que claramente ser um truque, reparamos que na realidade o artista está esconder o indicador numa das narinas e, num brilhante movimento feérico (como eu gosto desta palavra), saca de dentro do nariz um valente gorila. Para praticar este truque mágico é necessário alguma destreza, pelo que os passos seguintes devem ser seguidos:
1 – Escolher um dos indicadores disponíveis, de preferência o que tiver a unha maior (nota: existe a versão romena deste acto que é realizada com o polegar, sendo no entanto mais limitativa);
2 – Introduzir o dedo numa narina e rodá-lo por todo o perímetro;
3 – Assim que se identificar uma das presas, agarrá-la com a unha e puxar a mesma para fora, tal qual molar num dentista;
4 – Olhar para ela no dedo, admirá-la, senti-la, e se for caso disso sentir-se orgulhoso do resultado;
5 – Para finalizar, e é o momento em que se ouve os tambores a rufar, dar um fim ao produto retirado. Alguns preferem abrir o vidro e dar-lhe liberdade, outros preferem comê-los (bbbblllllaaarrrrrgghghhhh), e outros colocam a mão para baixo e fazem-nos desaparecer (uma vez que não quero acreditar que os mandam para o tapete ou os limpam no assento, vou acreditar que na realidade têm um saquinho que é despejado quando estiver cheio).
- Apitar nos semáforos – é sem dúvida a prática mais entusiasmante, e consiste em apitar sempre que um semáforo ficar verde, mesmo que não seja o da faixa onde se encontra o condutor. Como adição ao divertimento, ao buzinar pode-se olhar para trás ou para os lados, incriminando assim uma série de gente e criando uma rede de ódios no meio do trânsito. Do mais divertido que existe.
- Ler o jornal – Sim, hoje vinha um senhor a conduzir e a ler o jornal. Medo, muito medo…

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2004

Mas, está tudo doido?

Os leitores assíduos do Quarto Segredo já repararam que por vezes analisamos as pesquisas que alguns visitantes realizaram na net e que graças a elas vieram parar aqui a esta vossa casa (para mais informações, analisar as estatísticas do nedstat). Das últimas analisadas, gostaria de destacar:

- Pesquisado no google.br: “quem foram os povos sanitas” – fiquei chocado. Mas então, as sanitas que usamos hoje em dia já foram povos de civilizações de outrora? Estão portanto a querer dizer-me que todos os dias me sento num fóssil de um ser do antigamente? Irá o Professor Galopim de Carvalho estudar as pegadas das sanitas na pedreira do Galinha, lá para os lados da Serra dos Candeeiros?

- Pesquisado no google.br: “site porno espirito santo” – é revelado portanto o terceiro segredo de Fátima (atenção, não é o quarto). Num momento de aflição causado pelo buraco financeiro do Vaticano, o clero abre ao público o seu site porno conduzindo assim milhares de fiéis a imagens das mais sensuais freiras. Existe ainda a possibilidade de comprar on-line arte sacra de santas nuas e de fazer download de missas eróticas (em Mp3 ou RealAudio).

- Pesquisado no google.pt: “engolir nhanha” – e aqui meus amigos, qual seria a ideia? Alguém que anda constipado e durante um dia sem lenços esteve constantemente a fungar, engolindo assim gramas e gramas de ranho viscoso, e procura agora saber quais as possíveis implicações? Ou alguma moçoila mais incauta que, no desespero de não receber nenhuma resposta da revista Maria, procura apurar se pode engravidar pelo facto de ter levado ao extremo uma brincadeirinha com o namorado? E será que ela encontrou o que procurava, ou ficou-se mesmo aqui pelo Quarto Segredo pondo de parte as agruras da vida?

- Pesquisado no google.pt: “IMAGENS DE PEIDAS” – sim, assim mesmo, em maiúsculas e com todas as letras. Mas quem pesquisa por isto acredita mesmo que existem sites com links para imagens de peidas, ou acha que na realidade o google é uma entidade racional e tentou assim explicar-lhe o que procurava, estilo: “Oh Google, o que me apetecia mesmo ver era, hummmmm, ahhhh… JÁ SEI… UMAS IMAGENS DE PEIDAS!!!!”.

- Pesquisado no google.br: “Algumas imagens de estatuas de algumas pessoas famosas” – Esta é de outro(a) que também deve achar que o google está ali para nos ouvir e para nos servir. Deve ter sido do género: “Oh Google, dá-me aí algumas imagens de estátuas, e algumas delas podem ser de pessoas famosas, ou não, enfim, vê lá o que é que consegues arranjar… prontos…o que eu preciso mesmo é de algumas imagens de estátuas de algumas pessoas famosas”.

Mantivemos ainda a média de pesquisas por "portuguesas famosas nuas", "pitas portuguesas nuas", "gajas boas nuas" e ainda algumas das minhas favoritas, as por "ratas peludas" e "ratas nuas". A pontuar de vez em quando estão ainda as pesquisas por "fotos marisa cruz nua", mas aí Marisa e se me estás a ler, quando um dia quiseres dar uma alegria a todos estes pobres viandantes que por aqui pernoitam à espera de te ver desprovida de roupas, dá uma apitadela aqui a estes teus amigos de modo a providenciarmos algumas fotos.

Voltamos a lançar o apelo de, caso algum dos criativos que tenha feito uma destas pesquisas volte a passar aqui, para nos explicar se tem algum algoritmo de pesquisa específico que a malta desconheça, ou pura e simplesmente dizer o que é que lhe estava a passar pela cabeça naquele momento.