segunda-feira, 30 de outubro de 2006

Os portugueses e as suas desgraças

O povo português é na verdade um povo bastante caricato... as únicas estatísticas nas quais estamos à frente são as negativas, os únicos recordes que batemos são relativos ao maior pão de ló fabricado ou à maior abóbora plantada, comparativamente a outros países temos dos maiores níveis de sinistralidade rodoviário mas, apesar de tudo, somos um povo que encontra sempre algo de positivo nas várias situações.

Apesar de nos queixarmos recorrentemente, temos o dom de encontrar o factor sorte quando alguma fatalidade acontece. Teve um acidente de carro e partiu as duas pernas? Foi sorte, podia ter partido os braços e já não podia empurrar a cadeira de rodas! Foi assaltado e levaram-lhe tudo o que tinha? Que sorte, tenho um cunhado que me disse que foi assaltado e que lhe levaram o que tinha e o que não tinha! Foi raptado por iraquianos no âmbito da jihad islâmica? Haja sorte, podia ter sido raptado pelo Alberto João Jardim no âmbito da jihad madeirense.

Vamos lá a ser coerentes, sim? Se temos fama de cinzentões, vamos comportarmo-nos como tal e deixarmo-nos de conversas de ânimo aos desgraçados desta vida. Teve um acidente de carro e partiu as duas pernas? Está lixado, vai roer-se todo com comichões por causa do gesso e aviso já que as idas à casa de banho vão passar a ser uma pequena aventura! Foi assaltado e levaram-lhe tudo o que tinha? Bem vindo a umas maravilhosas férias no banco, registo civil, direcção geral de viação, junta de freguesia, etc, etc!!Foi raptado por iraquianos no âmbito da jihad islâmica? Errrr.... de facto aqui foi mesmo sorte, ouvi dizer que o João Jardim tem umas torturas bem terríveis com as bananas da Madeira.

quarta-feira, 25 de outubro de 2006

Pastéis de cerveja

Hossanas à indústria nacional!

Nas 500 empresas com maior potencial de crescimento na Europa temos apenas 5 empresas.

A nossa 5ª empresa, a Sulpastéis, surge em 490º lugar. A Sulpastéis, esse gigante que vai do croquete ao rissol, da coxa de frango à empada de galinha, e da chamuça ao folhado misto, que domina Arganil e arredores (não devia chamar-se Norpastéis?), conquistou por direito próprio o seu espaço na constelação europeia do crescimento, humilhando empresas como a Nokia ou a Mercedes, incapazes de igualar um crescimento meteórico desta glória nacional.

Se houver visão e vontade, a Sulpastéis poderá mesmo comprar a Unicer, a nossa 4ª empresa da lista (na 464ª posição) e alargar a sua gama de produtos ao pastel de cerveja, que há muitos anos tenta destronar o pastel de Belém do lugar cimeiro do imaginário nacional-pasteleiro, sem qualquer sucesso.

Na verdade, parece-me que os Pastéis de Belém dificilmente resistirão a uma OPA hostil da Sulpastéis, que não hesitará em enviar as suas melhores chamuças e pastéis de massa tenra para o combate.

À Sulpasteis deseja-se um domínio avassalador. Partam com ambição à conquista da salsicha alemã, da empada de rins inglesa, do croquete francês, e da pizza congelada italiana. Hoje a coxa de frango, amanhã o Mundo!

terça-feira, 17 de outubro de 2006

A vida misteriosa dos cadáveres

Arrepiante? Nem por isso. Afinal, é o título do último lívro que comprei em vida. Até hoje, quero eu dizer.

Foi estranho. Ali estava na mesa da Bertrand um livro negro, com 2 crânios radiografados a olhar um para o outro, e eu a pensar, Que coisa miserável, quem compra isto?, e afinal tinha um pequeno autocolante vermelho a dizer Best seller internacional. Nem mais. Isto vende?, e então peguei no livro, e não mais o larguei.

É escrito com humor. Com o humor possível, claro. Mesmo nos nomes dos capítulos:

1º capítulo: Nunca se deve desperdiçar uma cabeça
2º capítulo: Crimes de anatomia (subtítulo: o roubo de cadáveres e outras histórias sórdidas dos primórdios da dissecação humana)
10º capítulo: Canibalismo médico e o caso dos pastéis humanos
11º capítulo: Do crematório para a estação de compostagem

Fala por exemplo do respeito com que os cadáveres são hoje tratados nas faculdades de medicina. Já ninguém salta à corda com os intestinos na sala de dissecação. Aborrecido, mas respeitoso. Já vão longe os tempos em que o alegre estudante de medicina cortaria 2 metros e meio de tripa e faria uma sessão de saltos à corda, até largar uma ponta espalhando merda pelas paredes e colegas enojados.

Por outro lado, apresenta histórias da antiguidade, como o caso dos mortos melificados. Ou seja, um velho em fase terminal doaria o seu corpo à medicina, comento apenas mel nas últimas semanas de vida. Quando já só urinasse e defecasse mel, sobreviria a morte e seria encerrado hermeticamente num sarcófago, imerso em mel.
100 anos depois, o sarcófago poderia ser aberto, e a pasta de mel (?!?) poderia ser usada em tratamentos médicos para salvar vidas. O método parece ter caído em desuso, talvez não só pela falta de dadores, mas porque a "pasta de mel e morto" tinha de ser... erhh... engolida à colherada!

Felizmente, o livro não apresenta quaisquer fotos de corpos em decomposição. E ainda bem.

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Pyongyang, rói-te de inveja

Depois de toda a polémica que envolve os ensaios nucleares de Pyongyang, parece-me que a comunidade internacional anda pouco preventiva sobre um outro perigo bem maior - Os ensaios bananais da Madeira!

Se Pyongyang insiste em desafiar a comunidade internacional numa clara tentativa de controlar o Mundo, Alberto João Jardim insiste desafiar o Continente numa clara tentativa de controlar Portugal (e Espanha, aproveitando as sinergias da manobra ofensiva). Para tal, Alberto João Jardim tem vindo a desenvolver terríveis armas de destruição maciça, nomeadamente a banana, o bolo do caco e a versão hip-hop do "Bailinho da Madeira".

Relativamente ao desafio da Madeira ao Continente, numa clara confusão o gabinete de relações externas da Sonae já respondeu dizendo que não hesitará em lançar uma OPA a Machico e ao Curral das Freiras caso João Jardim leve avante a sua ideia de conquistar a famosa cadeia de grandes superfícies.

Quanto à problemática da banana e do bolo do caco, o gabinete do primeiro ministro já emitiu um comunicado no qual divulga que sua Excelência ficou muito satisfeita, pois é grande apreciadora de bananas e que bolo do caco nunca experimentou mas que está aberta a novas experiências.

Sobre a versão de hip-hop do "Bailinho da Madeira", o Quarto Segredo conseguiu apurar que o teledisco já se encontra em gravação, sendo a apresentação pública realizada durante os próximos 13.452.971 episódios da série Morangos com Açúcar.

segunda-feira, 9 de outubro de 2006

3 : azeri

Como esperado, Portugal ganhou 3:0 contra os Azeri, os tipos do Azerbaijão. Não se pedia menos, num jogo de atletas profissionais e consagrados contra tractoristas e pastores de iaques, que treinaram toda a vida com bolas de bosta de iaque comprimida, e que consequentemente mostraram-se sempre acanhados no jogo aéreo.

quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Sumo concentrado

Já leram a expressão "feito à base de concentrado de sumo", que aparece nas embalagens de sumo (de laranja, por exemplo), mesmo que seja sumo 100% de fruta?

Anos a fio aquilo baralhou-me as ideias. Eu a querer comprar suminho do mais puro, do 100% de fruta, que eu imaginava espremida para dentro da embalagem, e aquela frase sempre presente: à base de sumo concentrado. Raios. Se é concentrado, deve levar água. Mas se leva água, não é 100% sumo. Então como é que ficamos?!?

Finalmente descobri o que significa. Tenebroso.

Exemplo das laranjas. Produzidas em larga escala no Brasil e na Florida. Espremidinhas em sumo para consumo mundial, e principalmente na Europa. Mas acontece que é caro atravessar o Atlântico com toneladas e toneladas de sumo. Então, para poupar, ao dito suminho de laranja é-lhe retirada quase toda a água, ficando apenas uma pasta concentrada. À chegada à Europa, junta-se outra vez água. Uma tonelada de pasta brasileira dá para 25 toneladas de sumo de laranja.

Portanto, aquilo não é sumo 100% de laranja. É pasta desidratada de sumo de laranja, diluída em água. É pasta, não é sumo. Pasta 100% de laranja. Pastoseira de laranja. Melaço de pastosice de laranja. Melaço desidratado de pastosice malcheirosa de laranja. A que juntam água do poço. Ou da torneira. Ou do Tejo. E vendem em promoções por €0,78/litro nos supermercados. Já me tinha ocorrido que 1 litro de sumo de laranja precisa de 1,5 quilos de laranja, e as laranjas custam mais de €0,78/quilo. E pensava, camandro, onde é que as fábricas vão às laranjas? E agora já sei - vão ao Brasil.

Percebo agora porque é que o sumo espremido da laranja sabe 300 vezes melhor.

Para quando as mulatas brasileiras desidratas em comprimido? Um gajo juntava-lhe 50 litros de água na banheira e 1 hora depois tinha uma mulata elegante. 80 litros e tinha uma mulata gostosona de bunda avantajada e enormes seios. 180 litros e tinha um problema difícil de tirar de casa... ou mesmo da banheira...

terça-feira, 3 de outubro de 2006

O bruxo de Fafe e o presidente do Gil Vicente

Ora foi em plena assembleia geral do Gil Vicente que o seu caricato Presidente, homem de muitas palavras, disse alto e bom som, urbi et orbi, sobre o Caso Mateus:

"Fui ao bruxo de Fafe e ele disse-me para avançar que o Gil Vicente ia ficar bem."

Isto foi antes do prazo da FIFA acabar. Antes do Gil Vicente começar a jogar na 2ª divisão. Antes dos jogadores do Gil Vicente quererem a rescisão de contrato. Antes da providência cautelar (ou coisa parecida) ter posto a ordem possível no futebol cá do burgo.

E agora senhor bruxo de Fafe? Uhm? Lindo serviço. O que é que você terá dito realmente ao caricato do Presidente do Gil Vicente? Que a Dona Fifa é uma senhora em Bruxelas, que vai lá com um jantar, uma vinhaça e palavras delicodoces?

E depois deste êxito monumental, o senhor bruxo tem muito trabalho?

E já agora, que raio de totó é que ainda vai em conversa de bruxos, e ainda vem a público alarvear-se do feito?

Palpita-me que o alcatrão e penas já vão a caminho...

segunda-feira, 2 de outubro de 2006

Via Verde

Por falta de bateria no meu identificador da Via Verde, dirigi-me aos balcões desta entidade para proceder à sua substituição. "Uma pequena pilha", pensei eu, ficando totalmente abismado com os 6,5€ que me levaram pela mesma! "Gatunos" vociferei, mas depois de assolado por um rasgo de bom senso lá percebi que afinal não devia estar perante uma pilha comum... não senhores... só podia estar perante uma MARAVILHA TECNOLÓGICA, UM RASGO DE GENIALIDADE DO SER HUMANO! Por isso imagino que dentro do meu pequeno identificador pode ocorrer um de dois cenários que justifique perfeitamente os 6,5€ cobrados:

a) Tal qual prodígio da física atómica, o identificador tem um pequeno reactor nuclear que o alimenta, permitindo a emissão de sinal para a Via Verde, justificando assim os 6,5 €. Entrego o identificador à menina da Via Verde, ela vai lá dentro recarregá-lo de plutónio e pronto, como novo. Ninguém me falou em radiações ou assim, mas o facto da senhora que me atendeu ter uma orelha no lábio superior e sobrancelhas nos dentes deixou-me desconfiado;

b) A minha via verde é na realidade alimentada por um hamster anão mutante amestrado com o tamanho reduzido em laboratório, permitindo que viva de forma folgada no identificador. Sempre que sente a viatura a trabalhar, o hamster corre para uma roda giratória que, ligada a um pequeno dínamo, permite gerar a energia necessária ao identificador! (reduzir hamsters em laboratório é carotes, o que justifica os 6,5€. Há ainda uma versão equivalente com baratas, à laia de combustível alternativo, que faz o mesmo efeito, resiste a um potencial holocausto nuclear e custa somente 6,2€)

Claro que uma pilha vendida nas vulgares lojas chinesas faria provavelmente o mesmo serviço... mas não... não seria a mesma coisa.