sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Só eu tenho p'ra cima de uma dúzia!

Nos telejornais são frequentes as notícias de que há 300 mil portugueses que sofrem disto, 600 mil que sofrem daquilo, 2 milhões que sofrem do outro.

Resolvi apurar na internet as doenças de que sofrem os meus compatriotas, porque segundo as estatísticas parece que nos cabe à sorte uma boa meia-dúzia de doenças a cada um, senão mesmo uma dúzia.

Em 10 minutos apurei que em Portugal há:

  • 2 milhões de hipertensos
  • 2 milhões com dor crónica
  • 600 mil com asma
  • 500 mil com doença pulmonar obstrutiva crónica
  • 2,8 milhões em risco de degenerescência macular com a idade
  • 70 mil com Alzheimer
  • 32 mil com sida
  • 500 mil com diabete
  • 5000 têm esclerose múltipla
  • 4000 têm tuberculose
  • 4 milhões sobrem de dores
  • 100 mil por ano apanham pneumonia
  • 100 mil esquizofrénicos
  • 100 mil à espera de consulta de oftalmologia
  • 10 mil com obesidade mórbida avançada
  • 13 mil com insuficiência renal
  • 15 mil com cirrose
  • 250 mil doentes alcoólicos
  • 20 mil com descontrolo intestinal e urinário
  • 25 mil com Parkinson
  • 130 mil com cancro da próstata
  • 25 mil com cancro do cólon e do recto (a cada cinco anos)
  • 500 mil sofrem de infertilidade (em idade de procriação)
  • 5000 com doenças neuromusculares

Sejamos sinceros connosco próprios: qual a probabilidade de sermos saudáveis neste país? Eu acho que vou emigrar para as Maldivas, Polinésia Francesa, ou Austrália. Algum sítio mais paradisíaco e mais saudável.

Isto, se sobreviver até tratar dos papéis, porque não deve faltar muito para descobrir que estou no grupinho dos que têm Alzheimer, asma, Parkinson e diabetes e que terei uns 10 dias de vida pela frente.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

A Lei do Tabaco

A nova Lei do Tabaco parece-me ser bastante acertada, mas peca por insuficiência. Para termos uma oferta de restaurantes compatível com um país moderno, há mais uma série de coisas que deveriam ser banidas, para bem da saúde pública.

Proponho por isso aos legisladores que não parem por aqui e que comecem desde já a pensar na criação da Lei Dos Empregados De Mesa A Cheirar A Sovaco, na Lei Dos Bifinhos Com Champinhons, na Lei Do Doce Da Casa (que pode também incluir artigos sobre o Doce da Avó) e na Lei Dos Empregados Que Tratam Os Clientes Por 'Ó Chefe'. Sem isto, não vamos lá.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2008

Cirque?

Não consigo compreender a recente histeria nacional em torno do Cirque du Soleil. Já apanhei vários amigos a dizer, com ar orgulhoso, que já arranjaram bilhete para o próximo espectáculo - em Maio! E convenhamos que os bilhetes não são propriamente baratos, aquilo é um balúrdio. E para quê? Para ver circo?...

Não, meus amigos.

O Cirque du Soleil tem tanto de circo quanto o Cacém de charme. Sejamos francos - aquilo não tem leões, não tem cãezinhos amestrados, não tem uma boa dupla de palhaço rico/palhaço pobre... Qual é o conceito de 'circo' que eles não perceberam? Só lá há acrobatas - e isso não é um circo, é uma aula de aeróbica recauchutada. E das fraquinhas: fazer ginástica com arcos e trapézios e mais não sei o quê - bom, isso todos fazem, não é? Mas vão lá perguntar quem se arrisca a meter a cabeça dentro da boca de um leão e verão o resultado.

Deixo aqui o meu protesto: chamar circo ao Cirque du Soleil é um abuso. É enganar as pessoas. É o mesmo que abrir uma roulotte à noite, com um grande letreiro a anunciar as 'Bifanas do Solé'... Mas depois vender só suminhos naturais e saladinhas.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Eta cafezinho amoroso, pô!

Por azar, ontem tive de ir a um sítio chamado “Quinta do Conde”, urbanismo típico da margem sul do Tejo.

Primeiro, aquilo foi difícil de encontrar, porque eu nunca me entendo com aquelas zonas. Mas encontrado o sítio, lá tratei do assunto, e fui lanchar ao que parecia ser uma pastelaria normal.

Eu devia ter suspeitado, porque aquilo chama-se snack-bar, e não pastelaria. Snack-bar, essa grande invenção portuguesa que ninguém sabe verdadeiramente o que é. Entre uma pastelaria, um café, um restaurante e um bar, situa-se o snack-bar, esse híbrido de geometria variável, que pode pender mais para o lado pastelaria, para o lado café, para o lado restaurante, para o lado bar, ou para lado nenhum dos lados, como era o caso.

À entrada, o cheiro intenso a torresmos acabados de fazer devia-me ter alertado. Mesmo assim, avancei, enquanto ouvia a voz roufenha do dono a dizer “por semana, vendo aqui 30 a 40 litros de vinho”. Pedi 2 gelados para os miúdos, e pensei no que havia de pedir para mim. Em qualquer café ou pastelaria, um galão e uma torrada seria um pedido normal, mas ali, naquele snack-bar, algo menos que uma sandes de courato seria coisa de larilas. Arrisquei, pedindo uma água com gás e sabor a limão, fazendo um ar de enorme desprezo, como quem diz, eu emborcava aqui e agora umas 3 ou 4 cervejolas bem fresquinhas, e coiso e tal, mas afinal é mesmo uma aguinha com sabor a limãozinho.

Pedi uma torrada. Não temos. Ahh, então se calhar um bolo qualquer. Pode ser esse mil-folhas, que está aí ao lados dos torresmos.

Enquanto eu comia, o dono fazia os seus telefonemas. “Tens uma carrinha pá? Preciso de ir buscar a máquina. Depois dou-te aquilo. Sim, o combinado. Não te preocupes, tudo seguro. Não há espinhas. Sim, levo aquilo e dou-te. Tens tudo do teu lado? Tá, tá, ok.”

Seguiu-se mais um par de telefonemas deste género. Depois, ele agarra a empregada brasileira dos seus 40 anos e ela diz “tenho uma vida disgraçada, pô! Cê tá bebendo di novo todos os dia? Tinha prômetido qui esti ano era diferentchi!” Ele tentava mudar de assunto enquanto lhe dava beijos no pescoço.

Paguei e saí. Pelo entusiasmo com que ele estava, pareceu-me que ia precisar das mesas…