segunda-feira, 4 de outubro de 2004

Atirei o pau ao gato

A crueldade das histórias infantis não me deixa de surpreender. Um exemplo é a canção infantil mais popular em Portugal: Atirei o pau ao gato.

A-tirei o pau ao ga-to-to (violência gratuita)
Mas o ga-to-to não morreu-eu-eu (intenção declarada de matar)
D. Chi-ca-ca admirou-se-se (tal foi a agressão…)
Com o berro, com o berro (o gato sofreu)
Que o gato deu!
Miaaaaauuuuuuuuuu! (a gozação com a dor lancinante infligida ao gato!)

E é isto a canção. Nada mais. Uma mini-historieta em 5 linhas e um berro sobre um ataque a um animal doméstico.

Adivinho que outros países tenham coisas semelhantes.

Na África do Sul:

A-tirei as pedras ao pre-to-to
Mas o pre-to-to não morreu-eu-eu
O meu pai africânder chateou-se-se
Com a sujeira, com a sujeira,
Que o sangue do preto fez no pátio.
Fuck the nigger!!!

Na Colômbia:

Chu-chupei as folhas de co-ca-ca,
Mas não fiquei com predada-da
D. Escobar admirou-se-se
Eram folhas, eram folhas já chupadas,
Deu-me logo mais uma molhada de folhas
P’ápanhar uma ganda moca!
Uhhhhh, hombreeeeee!

No Iraque:

Lan-lancei a granada ao ianque-que
Mas o ianque-que só perdeu uma perna-na
Saddham viu e aplaudiu-iu-iu
E assámos a perna com
Muito caril-il-il
Ahllaáaáááá!

(rima melhor em árabe)

Em Sumatra:

Co-comi as larvas de mosqui-to-to
As moscas e gafanhotos-tos
Comi cobras assadas-das, com tripas de sapo-po
E lambi os dedos, e lambi os dedos
A chupar cus de baratas fritas.
Iaaamm!

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