quinta-feira, 28 de dezembro de 2006

Trata diesel

Estranho? Nem por isso. Estava escrito num carro que vi esta manhã e dou algumas expressões sinónimas:

  • Procuro novo dono
  • Todos extras
  • Como novo

Esta mania dos Portugueses de não dizerem simplesmente "Vendo este carro" nas folhas A4 que colam nos seus carros tem uma razão de fundo - ao que parece, e temo ao entrar no campo jurídico, pagava-se imposto quando se queria anunciar a venda de algum objecto. Quem nunca comprou uma senha por "100 bolas" para um sorteio qualquer do clube de futebol local?

Acho que a minha próxima declaração de IRS dirá apenas 10.000 Fátimas. Quero ver o Fisco a pedir-me mais dinheiro...

Isto pode alargar-se a outros ramos. Os restaurantes podiam ter os preços em "Muito obrigados". Arroz de polvo: 7 Muito obrigados; bife à cortador: 9 Muito obrigados; e assim deixávamos de pagar IVA na restauração. Claro que pagaríamos sempre os 7 ou 0s 9 euros, a título de, digamos, gorjeta, ou simpatia pura.

Os carros passavam a estar cotados em rotações. Um Audi A3 por exemplo podia custar 5500 rotações. Barato? Sem IVA nem imposto automóvel...

E se pensarmos que os preços do tabaco ou da gasolina são mais de 80% impostos... Aaaah, que grande Natal que isso seria! Vou comer as 12 passas de ano novo dedicadas a esta ideia.

E ainda bem que o Natal acabou porque...

...e olhem que eu adoro o Natal, mas fico feliz quando deixo de ouvir a terceira idade, em voz gaguejante e hesitante, a declamar "e era bo...bo...nito que fôôô...sse Natal 365 dias por aaanooo, por...que assim as criancinhas eram felizes o ano todo, todo todo."

Isto é bonito uma vez por ano. Duas vezes seria giro. Três seria cansativo. Doze já seria insuportável. 365 dias por ano seria uma espécie de sessões contínuas de Floribela intercalado pelos Morangos com açucar, e com Malucos do Riso no intervalo. E à noite, Natal dos hospitais.

E isso era Natal?

Claro que não. Passaríamos à fase de "Querida, só trouxeste maçãs e pêras? E homens-aranha, já não havia?" E isto já não seria Natal. E assim faço um apelo para que o Natal continue a ser apenas uma vez por ano. Ou até mesmo só em anos bissextos, para deixar mesmo saudades.

quarta-feira, 27 de dezembro de 2006

Prendas e afins

Querido Pai Natal,

Como estás, tudo bem? Olha, não te queria pedir nada para mim, mas sim para ti, por isso cá vai:

Queria pedir que implementasses um novo sistema de recepção e tratamento de pedidos, pois DA PRÓXIMA VEZ QUE EU TE PEDIR UM PÓNEI E ME OFECERES UM CHUVEIRO, PARTO-TE A BOCA TODA, PERCEBESTE?

Obrigado e espero que as renas estejam boas, pois umas renas saudáveis dão imenso estilo e é só marcar pontos junto das babes.

Atenciosamente,

Axe

quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Postal de Natal

Por nos estarmos a aproximar do Natal, aqui fica o postal oficial do Quarto Segredo, para todos os leitores habituais (vêm como nos lembramos de vocês dois?...)

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

A inevitável sugestão de Natal 2

É mesmo um livro excepcional.
Já comprei 10 exemplares, e sei de primeiríssima mão que a primeira edição já esgotou, mas a 2ª edição já está à venda. São 270 páginas de escrita aparvalhada do melhor.

Declaração de intenções: Enquanto co-autor poderei ter uma opinião pouco idónea, mas declaro que todos os meus lucros da venda da 2ª edição reverterão, numa atitude caridosa e humanista própria da época, para o bar de alterne onde trabalhava a Carolina Salgado. Desde que se soube que o Pinto da Costa era um habituée do sítio calculo que o estabelecimento tenha mais jornalistas que clientes...

A inevitável sugestão de Natal



O Natal está à porta - querem melhor presente para oferecer a amigos e família que o livro do Quarto Segredo, que reúne 3 anos de posts em duas edições (a normal e a luxuosa) de capa finamente ilustrada e conteúdo indispensável em qualquer biblioteca que se preze?

(sim, este é um post puramente comercial - não é esse o verdadeiro espírito da época?)

quarta-feira, 13 de dezembro de 2006

A poesia Giftiana

A propósito de um post recente noutro blog, que falava da última música dos The Gift, "Fácil de Entender", resolvi dedicar-me a algo que já queria fazer há algum tempo - uma análise às letras da banda de Alcobaça, em busca da fabulosa poesia que a muito custo nelas se esconde.

Para tal, dei-me ao trabalho de analisar as letras dos cinco álbuns dos The Gift - Digital Atmosphere, Vinyl, Film, AM-FM e Fácil de Entender. Não foi preciso ouvi-los, porque felizmente o site oficial disponibiliza todas as letras, o que me facilitou a tarefa.

Tenho de confessar – foi doloroso. Muito doloroso. Mas ao mesmo tempo, muito divertido – e deixou-me a pensar: onde raio terá esta gente a cabeça quando se põe a escrever letras?...

Ponto prévio: o que salta logo à vista ao ler as letras dos Gift é a questão do inglês. Não a questão de eles cantarem em inglês – não tenho nada contra bandas portuguesas a cantar em inglês –, mas o facto de ser um péssimo inglês. Se é para cantar em inglês, o mínimo que se pede é que saibam inglês, não?... Ou estarei a ser demasiado exigente? Será 'So why cannot find/ the true love of mine?' uma frase aceitável? Não me parece. Nem nenhum de muitos outros exemplos que são fáceis de encontrar:
"You can change of opinion everyday"
"And your heart don't cry"
"All the love you gave it to me"
"Why this happening to me"
"The things that they said us"...

Mas seria muito fácil vir aqui só falar de erros básicos de inglês. Fácil e aborrecido. Passemos às partes divertidas...

Aqui em tempos, descobri na Amazon um livro apresentado como um dos mais divertidos textos sérios em inglês: "English As She Is Spoke - Being a Comprehensive Phrasebook of the English Language, Written by Men to Whom English Was Entirely Unknown". O livro foi escrito no final do século XIX por José da Fonseca e Pedro Carolino, dois portugueses que quiseram escrever um livro que ensinasse a falar inglês – com um pequeno senão: eles próprios não conheciam a língua, socorrendo-se de um dicionário para fazer traduções literais de expressões. O livro é um conjunto surreal de frases sem sentido num inglês macarrónico que se torna hilariante de tão mau que é. Na maior parte dos casos, olhando apenas para as frases em inglês, é quase impossível descortinar o que queriam os autores dizer com algumas das expressões.

As letras dos Gift são como que uma espécie de "English As She Is Spoke" da música portuguesa – não são tão más como o livro (nada pode ser tão mau), mas são igualmente divertidas e pelo menos eles parecem levar-se tão a sério quanto os pobres escritores de há mais de cem anos. Vejamos exemplos:

'Angel's Landscape', do primeiro disco, até não começa mal:
"Somewhere in the city
There's an angel crying
And someone in the room over there
Is talking about him"

O pior vem a seguir:
"And he runs
From a purple looking"

Hã?... And he runs/from a purple looking? Que diabo...? Nem sequer consigo imaginar o que estarão eles a tentar dizer - a única hipótese que poderia eventualmente fazer algum sentido seria o pobre anjo andar a fugir de alguém que lhe quisesse dar um murro e pôr-lhe um olho roxo (purple looking, claro...), mas não deve ser isso, pois não?...

Mas este não é o único exemplo de imagens fortes – e completamente sem sentido – que a banda utiliza. Em 'Always', ainda no mesmo álbum, surgem os versos 'And you still got power to scream/ With many humans that I ever conceive'. Já nem falo na má construção da frase, porque a ideia destes versos é suficientemente estranha para nem ser necessário referi-la – de que estão vocês a falar, rapazes? Many humans that I ever conceive? Só consigo pensar que será uma música sobre o relógio biológico de Sónia Tavares a começar a dar horas.

O meu tema preferido, no entanto, é 'Concret', que aparece no segundo álbum, 'Vinyl'. Toda a letra parece querer girar em torno de coisas concretas – ou então em torno de coisas de betão. Pelo menos, é o que se subentende do título e da insistência na utilização da palavra 'concret'. O grande problema é que, em inglês, 'concret' não existe. Existe 'concrete', com um 'e' no fim, que tanto pode ser concreto como betão (lá está), mas 'concret', desculpem lá, mas não. No entanto, até aceito que, com alguma boa vontade, se pudesse passar por cima deste pequeno erro (logo na palavra que por azar é título da canção, enfim...); o que já me parece mais difícil é aceitar – ou perceber... – o que raio querem eles dizer logo nos dois primeiros versos da música: 'All those concret things like net/ And hold it' Importam-se de repetir? Concret things like net? Ontem sugeriram-me que talvez a música falasse de redes de cimento – para ser sincero, qualquer coisa já me parece possível. E que faz ali aquele 'And hold it'? Logo a seguir, começam a elencar as tais concret things e falam em 'The trees and days/ The look and cook' – que diabo, the look and cook? É impressão minha ou este cook só aqui está porque ninguém se lembrou de mais nada que rimasse com look?... Não é que os Gift pudessem fazer algo do género, escrever coisas sem sentido só por rimar, claro que não, ou não fossem eles os autores de 'Driving Me Slow' que contém este fabuloso verso no refrão: 'I will build my world, I will sing my songs I will keep my helmet on'. Sempre adorei aquela referência ao capacete. Enquadra-se na perfeição com o resto da música e tem tudo a ver com o que vem para trás. Claro que não é apenas uma tentativa meio arriscada de rimar songs com on (na música soa melhor do que parece). Afinal de contas estamos a falar da banda que escreveu coisas bonitas como:
"Lived on the top of the street in a building full of green, Field?
Was not that screen. Scream?"
(esta rima atrevida de screen com scream emociona-me!...)

Tudo isto dá que pensar – quando os The Gift cantam 'Does he know how to sing or it's terribly, terribly me' (num inglês apropriadamente terrível) apetece responder: a questão não é se ele sabe cantar, mas sim se vocês têm a mínima ideia do que querem escrever, malta...

Mais um enigma, se ainda não bastar:
"Substitute your only trouble by a bottle full of water just to prove this love about you…
if someone ever found her, put a sign inside you – 'There's only one love'."
Que raio estão eles a dizer?! Isto é indecifrável. Arrisco que isto talvez tenha algo a ver com escrever mensagens em garrafas – há ali uma bottle full of water, há um put a sign inside you (que me faz sempre lembrar o famoso 'put the cream' do Zezé Camarinha). Será isso? Message in a bottle, como no livro daquele autor maior da literatura, Nicholas Sparks? (Não seria a primeira vez que os Gift o referenciavam, por incrível que pareça – em 'An Answer' dizem 'By the time you'll read these lines I'll be gone/ like the novel "Dear John"'. Quando li isto pensei que era um piscar de olho ao primeiro verso do tema de abertura da sitcom 'Dear John', que dava há uns anos na televisão, mas os Gift falam num romance, e essa referência baralhou-me. Fui procurar e encontrei: é o último de Nicholas Sparks...)

E com tudo isto, chegamos ao fabuloso "Fácil de Entender", desta feita em português, e que é tudo menos o que o título indica – veja-se o belíssimo verso 'Se por falar falei, pensei que se falasse era mais fácil de entender'. Não, Sónia, não é fácil de entender. Nada nos Gift o é. Aliás, quer-me parecer que os Gift finalmente se aperceberam do que têm escrito ao longo dos tempos e resolveram fazer uma espécie de pedido de desculpas. Ou pelo menos admitir os erros do passado – só assim faz sentido ouvir Sónia Tavares cantar, nessa mesma música, 'sabe Deus o que quero dizer'...

E ainda assim, duvido que mesmo ele saiba...

domingo, 10 de dezembro de 2006

Casa nova - Parte 3 - O recheio

Para concluir esta abordagem à aquisição de uma nova habitação, há que falar um pouco sobre o recheio (sim, para concluir mesmo... não quero aborrecer todos os nossos leitores, até porque a maioria deles veio aqui parar ao engano, oriundos de pesquisas no Google por "ratas nuas", "ratas peludas", "revista gina" e, a minha preferida, "peidas".)

Entre electrodomésticos, papéis de parede, tintas, candeeiros e outras coisas demais, o processo decorre com uma certa normalidade. A oferta é muita, os senhores comerciantes sensatos e a imaginação representa o limite. No entanto, dois pequenos apontamentos fundamentais para quem se inicia na lide de uma casa nova: o sofá e a cama.

O Sofá
Após muitas pesquisas lá consegui perceber que são os italianos que dominam a questão dos sofás (vá-se lá saber porquê), o que não deixa de ser curioso. Sempre pensei que fossem os franceses pois toda a gente sabe que um filme francês pode representar apenas uma de duas coisas: ou sexo desenfreado do princípio ao fim, ou um diálogo assustadoramente chato do princípio ao fim. O que é que estas duas vertentes têm em comum? Ambas se passam num sofá. Ou o sexo é num sofá, ou o diálogo é num sofá. Logo, fez-me todo o sentido que fossem os franceses a dominar os sofás, mas não, são os italianos (nota mental: estar mais atento ao panorama cinéfio italiano).

O truque para a escolha de um sofá é, segundo me explicaram, experimentar a fundo. Só experimentando bem é que estamos aptos à sua escolha. Ora, isto para mim representa um grave problema. A minha utilização de um sofá passa essencialmente por dormir, estar completamente espojado a ver um filme ou sentar uma cambada de amigos em amena cavaqueira. Neste sentido, para a semana irei escolher o meu sofá, com vários DVDs, um cobertor para dormir e acompanhado obviamente de 17 amigos. Será um momento bem bonito que durará umas 14 horas!

A Cama
Se são os italianos que dominam os sofás, já os espanhóis dominam a "cena" da cama, o que me faz um certo sentido dado a sua aplicação à siesta! Os critérios para a escolha de uma cama poderão variar, mas é importante escolher uma cama que:
1 - Não faça barulho (o meu vizinho de baixo parece ser incrivelmente sensível a barulhos)
2 - Tenha uma altura razoavelmente baixa (para evitar o perigo de quedas violentas)
3 - Tenha uma aparência que nos promova junto do sexo oposto (segundo me explicaram, camas em forma de coração deixam as miúdas loucas :') )

Sendo assim, a minha cama será completamente isolada com borrachas, evitando assim barulhos, terá uma imponente altura de 4 cms e será toda ela em forma de sardinha, avizinhando-se maravilhosos momentos de pura loucura (era para escolher uma cama em forma de cheese cake, mas curiosamente não encontrei nenhuma).

Para todos vós que precisam de conselhos na preparação de uma casa, sintam-se livres em mandar um mail aqui para a Fátima (não que vos ajudemos, mas sempre dá para rir um bocado)

sábado, 2 de dezembro de 2006

Espanholadas de Natal


Não é um doce. Nem uma canção. Nem diversões com espanholas...

São os insultos da vizinhança aí do lado.

Os espanhóis escrevem grosserias e barbaridades nas caixas de brinquedos destinados às nossas criancinhas. Vejamos as 2 imagens, tiradas hoje numa loja:

Numa temos o homem aranha com trampas ocultas. Noutra fala-se em pilas. Sem querer armar-me em diácono Remédios, o que é que temos aqui?

Nós não mandamos brinquedos do homem aranha para o lado de lá da fronteira com frases como "mierdas ocultas". Nem bonecas barbie com frases como "funciona a bastos". Que o homem aranha se ponha a defecar pelos cantos dos edifícios nos episódios transmitidos em Espanha não é nada comigo, e o aranhiço até é muito asseadinho nos episódios que passam cá. Então porque vêm eles conspurcar com essa linguagem brejeira o lado de cá da fronteira? Cambada de coños...