8:50, saio de casa para os meus 15 minutos matinais de condução. Na curva da ponte antiga sinto um carro a pressionar o andamento, procurando a nervosamente ultrapassagem. Acelero, não gosto de pressões e estou rabugento. O carro atrás de mim acompanha o incremento de velocidade, continuando a sua incessante pressão. Olho pelo espelho e vejo um cabelo armado cinzento... não quero acreditar... uma octagenária tresloucada procura a ultrapassagem com um esgar nos lábios. No alargamento perto da primeira rotunda, a louca mete uma abaixo e rasga o alcatrão enquanto se mete lado a lado com o meu carro. Fazemos a rotunda a trocar proximidades de espelho e saímos numa fúria de quem não pode ficar atrás. Sinto o turbo a gritar por mais uma mudança... ignoro-o, não há aqui meninos, tem que se aguentar. O computador enlouquece nos consumos e dispara o alarme de velocidade... desligo-o, sou eu ou ela. O Alfa 147 da senhora queima óleo soltando uma nuvem de fumo com uma amálgama de cores assustadoras, mas aguenta-se herculeamente. Aproximamo-nos da derradeira rotunda, onde acalmo as 5.500 rotações do motor ao ser travado por um condutor alheio à disputa. A senhora passa, vencedora, e faz-me um olhar despreocupado, em que na realidade, e juro que só eu é que vi, me fez uns corninhos com a mão esquerda, enquanto murmura com um ar de escárnio "'teve-se fixe miúdo, acredita, ´tás quase lá".
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