quarta-feira, 28 de abril de 2004

Um pastorinho em Fátima

Como pastorinho do Quarto Segredo, fui este fim de semana a Fátima, mas longe do Santuário. Na verdade, com o que já escrevi aqui devo ser bombardeado com bíblias e excomungado por megafone se me aproximar a menos de 100 metros do Santuário…

Fui ao kartódromo de Fátima, isso sim. Nunca lá tinha corrido, e não gostei particularmente da pista – não há uma única travagem para homens e 95% da pista é feita a fundo, mesmo com os karts de 270cc. Nem um gancho a sério, nem uma chicane de torcer as costas, nada. Não há nenhuma daquelas curvas apertadíssimas com travagens brutais em que temos de lançar uma âncora ao apex da curva para manter o kart em pista. Enfim, não é o meu género de circuito. Com chuva deve ter mais piada, calculo eu.

Escrevo o post porque fui protagonista do insólito. Num dos 3 pontos de travagem suave do circuito houve um cretino que entrou a fundo e deixou o kart fugir todo de traseira, quase saindo de pista. Entro eu na curva, na trajectória normal, quando a besta asinina, numa tentativa de recuperar o kart, mantém a aceleração a fundo e embica o kart – já estão a ver para onde – na minha direcção.

Nunca pensei que o gajo continuasse com a estupidez. Levei a chamada “fruta lateral”. O choque, com força, arrancou metade da grelha traseira de protecção do kart, fazendo-o saltar um pouco. Fiquei com a grelha a arrastar na pista, num cagaçal irritante, a largar faíscas.

Sem olhar para trás, presumi que fosse o cano de escape a arrastar.

Com medo que o dito saltasse e acertasse em alguém, entrei directo na box, bracinho levantado a sinalizar a entrada.

Com isto, olho para a recta da meta e vejo o Director de Prova, de bandeira de xadrez na mão, a olhar estupefacto para mim a entrar na box – era a última volta e ia ganhar aquilo (prova de equipa com o amigo Vitor – não quero levar os louros todos)!

Ganhei a prova à entrada da box, na continuação teórica da linha de meta, porque o transponder que conta as voltas funciona nas boxes. Depois de uma destas, nem tive coragem de abrir o champanhe...

Como consolo, resta-me a perspectiva moral, em que me preocupei mais com a segurança em pista do que com a vitória na prova… embora o meu companheiro de equipa tenha uma perspectiva diferente, na qual ele não pára de rir.

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