sexta-feira, 29 de julho de 2005

A praia para quem não gosta dela

Odeiam. As velhas retortas odeiam ir à praia.

70 anos, 90 quilos. 12 varizes nas pernas. Por perna. Vestidas de preto. Da cabeça aos tornozelos. Os pés ficam de fora. Deformados pelos joanetes e amarelecidos de muito suor, pisam a areia quente.

Não se atrevem a mostrar o resto do corpo. Afinal, na perspectiva delas, ainda há muita sexagenária enxuta de carnes que lhes faz sombra na praia. É uma atitude de gaja, e gaja que é gaja, continua a olhar ferozmente para a concorrência até à cova, ou até que as cataratas o permitam. Também se escondem debaixo da roupa toda para não assustarem os netos.

A masssa pedunca e disforme é laboriosamente ocultada. Embrulhadas numa mortalha negra de saias, camisas, casacos, xailes e lenços, cozem em lume brando os 40 kgs de banha subcutânea. Devem suar muito, mas o suor nunca se vê – apenas se cheira. E irá empestar o carro do genro na viagem de regresso. E o mijinho incontinente? Uff, que imagem...

Assim, pergunta-se, por que raio vão estas criaturas à praia fazer renda?

E a resposta, meus amigos, é que todas seguem um ultra-secreto plano de emagrecimento e supressão de varizes, recomendado em consulta por algum médico aldrabão espanholado, que pretende isso sim ver as nossas praias a fermentar de velhas gordas malcheirosas vestidas de preto, o que muito favorece o turismo espanhol em Islantilla, Málaga e Ibiza.

O que temos que recomendar às velhas tugas é que se metam em autocarros para Benidorm e que por lá fiquem a empestar aquilo. E vai ser vê-las a regressar mais magras das noitadas em bares, com tatuagens no braço com aquela figura da gaja espanhola de cabelos negros compridos e chapéu de cowboy, símbolo de um qualquer bar de Benidorm, e ícone da parolice nacional nos anos 80 e 90, colado no porta-malas de muito renault 5 e fiat uno.

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