terça-feira, 17 de outubro de 2006

A vida misteriosa dos cadáveres

Arrepiante? Nem por isso. Afinal, é o título do último lívro que comprei em vida. Até hoje, quero eu dizer.

Foi estranho. Ali estava na mesa da Bertrand um livro negro, com 2 crânios radiografados a olhar um para o outro, e eu a pensar, Que coisa miserável, quem compra isto?, e afinal tinha um pequeno autocolante vermelho a dizer Best seller internacional. Nem mais. Isto vende?, e então peguei no livro, e não mais o larguei.

É escrito com humor. Com o humor possível, claro. Mesmo nos nomes dos capítulos:

1º capítulo: Nunca se deve desperdiçar uma cabeça
2º capítulo: Crimes de anatomia (subtítulo: o roubo de cadáveres e outras histórias sórdidas dos primórdios da dissecação humana)
10º capítulo: Canibalismo médico e o caso dos pastéis humanos
11º capítulo: Do crematório para a estação de compostagem

Fala por exemplo do respeito com que os cadáveres são hoje tratados nas faculdades de medicina. Já ninguém salta à corda com os intestinos na sala de dissecação. Aborrecido, mas respeitoso. Já vão longe os tempos em que o alegre estudante de medicina cortaria 2 metros e meio de tripa e faria uma sessão de saltos à corda, até largar uma ponta espalhando merda pelas paredes e colegas enojados.

Por outro lado, apresenta histórias da antiguidade, como o caso dos mortos melificados. Ou seja, um velho em fase terminal doaria o seu corpo à medicina, comento apenas mel nas últimas semanas de vida. Quando já só urinasse e defecasse mel, sobreviria a morte e seria encerrado hermeticamente num sarcófago, imerso em mel.
100 anos depois, o sarcófago poderia ser aberto, e a pasta de mel (?!?) poderia ser usada em tratamentos médicos para salvar vidas. O método parece ter caído em desuso, talvez não só pela falta de dadores, mas porque a "pasta de mel e morto" tinha de ser... erhh... engolida à colherada!

Felizmente, o livro não apresenta quaisquer fotos de corpos em decomposição. E ainda bem.

1 comentário:

Professor disse...

A Roche já comercializa esse "Melimortax"?
Isso será bom para quê?
Para as frieiras?
Até sempre.