quinta-feira, 5 de agosto de 2004

D. Lopes, o tunelador.

E corria o ano de 2001 quando o povo vestido de fato de treino votou nas excelentíssimas eleições autárquicas do Reino, e para surpresa de muitos e desgosto de outros que se sentiram à toa, D. Santana Lopes venceu a mui emérita Câmara de Lisboa.

E D. Lopes tinha feito uma mui extensa lista de promessas, algumas pespegadas em cartazes de mau gosto e às avessas, e assim que foi eleito, sentiu a pressão de mostrar trabalho feito, e para desgraça de muitos e alegria de poucos, à bruta e sem maneiras, avançou com o túnel das Amoreiras.

E túnel esse, sem que alguma luz lhe viesse do fundo, mostrou-se de um mau agoiro profundo, pois muitas pedras se levantaram contra D. Lopes, que sempre se esgueirou aos saltos e aos pinotes, até fugir para o lugar de primeiro ministro do Reino, deixando na Câmara um seu braço direito, e sobre isso muitos disseram: - mais valia um coração ou um fígado, pois braços tinha ele dois.

E dos que atiraram pedras destacou-se um cabrão d’hum advogado, que procurou fama sem ser honrado. E do advogado se fala agora.

Pois dizia o cabrão do advogado que faltava um papel, e essa falta era o grande senão do processo do nosso túnel. E tanto chateou e tanto andou, que a porra do túnel encravou. E ficou hum buraco sem remédio nem cura, que a pharmácia não estava à altura.

E o cabrão do advogado, que mais cedo se podia ter levantado, falou alto e gritou, e muitos jornais e juízes ouviram o que arrotou. E assim conseguiu fama na praça, à custa de um túnel de má raça.

E do cabrão do advogado pouco mais se soube, e espera-se que assim continue, até que alguém a língua lhe roube.

E com este pedaço de má prosa me despeço por hoje com a palavra rosa (para rimar…)!

E D. Lopes? Pois…

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