quarta-feira, 15 de novembro de 2006

Corte de cabelo... again

Enquanto habitante de uma grande cidade, desde que comecei a trabalhar que tenho sentido as agruras de encontrar um barbeiro à moda antiga e que pratique um horário de trabalho compatível com o meu. Como tal tarefa é praticamente impossível, estou resignado aos "barbeiros" de centro de comercial, sobre os quais aliás já me pronunciei aqui em tempos idos.


Bom, já em estado de desespero capilar, tive mesmo que ir cortar o cabelo. Como para mim os centros comerciais são todos iguais, dirigi-me a um que tinha um cabeleireiro e lá fui para o suplício da noite!


Take 1 - O inquérito
Senhora do balcão: "Boa noite"

Eu: "Boa noite, cortam cabelo a homens"

Senhora do balcão: sem resposta, faz-me um olhar gélido

Eu: "Ah... errr... pois claro, então era para cortar, se faz favor"

Senhora do balcão: "Vai fazer mãos?"

Eu: a julgar que ela tinha perguntado "o que vai fazer com as mãos" "Bom, eu... er... depende... ainda não pensei muito nisso"

Eu: percebendo a pergunta e a estupidez da minha resposta "Ah não não, é só mesmo cabelo" (macho que é macho não faz essa coisa das mãos... ou pelo menos sem um momento de mentalização precedente)

Senhora do balcão: "Tem preferência?"

Eu: com muita vontade de dizer "sim, aquela senhora loura que está ali sentada, mesmo sendo cliente, não me importo" "Não, é o que vier"

Take 2 - A lavagem
Sou conduzido para uma cadeira por uma exótica cabeleireira. Sento-me. Ao meu lado, duas moças do elenco dos "Morangos com Açúcar" olham-me de esgelha... ajusto a gravata, não quero destoar e dar ares que não apareço frequentemente nas revistas cor de rosa. A cadeira automaticamente reclina-se e começa um intenso processo de massagens.


Ahhhhhh!!... usufruo da massagem, enquanto umas mãos começam a massajar-me o couro cabeludo. Nisto, pensando eu que já sabia onde iria passar todas minhas próximas noites, ouço uma voz grossa e gutural dizer-me "Boa noitxi sinhô, vamo relaxá p'a lavá o seu cábêlo?"


Mas... mas mas... então onde se meteu a exótica? De onde saiu este marmanjo? Onde é que os escondem? Senti-me ludibriado. Pelo sim pelo não confirmei que o que me estava a massajar as costas era mesmo o mecanismo da cadeira!


Take 3 - O corte:
Um corte normalíssimo. À minha frente, o dono do estaminé, um tal de "Moreno", mantinha uma amena cavaqueira sobre signos com uma cliente . Mantive-me calado, não fosse o responsável pelo meu corte lembrar-se de lançar para o debate temas efeminados.

Findo todo este processo, grandes agradecimentos, grandes amigos, as "Morangas com Açúcar" a dizerem-me adeus (ter-me-ão confundido, ou ficaram simplesmente contentes por me ir embora?), paguei por um corte o equivalente a quatro cortes na minha terrinha!

Que saudades dos barbeiros à moda antiga!

3 comentários:

Blitzkrieg disse...

Ahh, o trauma! Sofro do mesmo. Nunca mais voltei ao barbeiro "Prazeres" no CC dos Olivais depois de, enquanto me cortava o cabelo, a loira oxigenada de 40 anos dizer que eram 6 irmãos lá em casa, e que uma vez mataram a irmã mais nova com uma martelada na cabeça. "Coitadita, enfim" foi o único comentário que a infanticida concedeu em memória da sua irmãzita falecida. Depois, lamentou essa época, em que comiam uma sardinha por três, porque isso é que eram tempos duros... safa, tempos duros é quando temos de ouvir estas histórias de quem nos está a cortar o cabelo e tem um objecto cortante e contundente nas mãos, chamado tesoura!

Anónimo disse...

Quando se trabalha passa-se a ir ao barbeiro ao sábado de manhã. Pelos vistos não escolheste um cabeleireiro qualquer de centro comercial! Foste logo ao Moreno.. :p

Axe disse...

Caro anónimo, eu nem fazia ideia de o que é o "Moreno"! Percebi que era o senhor que estava à minha frente a tratar de uma das Morangas, todo ele cheio de ganchos presos na camisa, mas nem sabia que era alguma coisa famosa... se bem que pelo que paguei no final é bom que seja alguma coisa de jeito!

O meu sonho é aparecer nas várias revistas cor de rosa com grandes manchetes a dizer "Axe vai ao Moreno cortar o cabelo"