terça-feira, 17 de fevereiro de 2004

Carlos Cruzeta* - os diários da prisão

*O nome de Carlos Cruz foi alterado para garantir o seu anonimato

Lisboa, dia n+3

Faz 3 meses que saiu o Paulo Pedregoso (o nome de Paulo Pedroso foi alterado para garantir o seu anonimato). Tenho saudades dele, de trocar uns bilhetes anónimos. E eu, quando sairei?

Hoje comi miúdos de frango pela 3ª vez esta semana. Ainda não percebi se é piada da cozinheira, ou se têm legitima pena de mim.

Mais uma vez, o Ricardo Já Fermentas (o nome de Ricardo Sá Fernandes foi alterado para garantir o seu anonimato) disse que falou com a minha mulher. Que raio. O gajo fala muito com a minha mulher. Tenho de tirar isto a limpo com a Ramela (o nome de Raquel Cruz foi alterado para garantir o seu anonimato).

Fui ao DIAP mais uma vez. O Juiz continua com as mesmas perguntas parvas, e já não sei o que dizer. Aproveitei, e palitei os dentes - ele é cada bocado de carne entre os caninos e os molares!
Apesar de eu dizer que a minha mulher sempre me acompanhou para todo o lado, o Juiz continua a insinuar que ela não conhece Elvas. Que conversa parva. Repeti-lhe pela enésima vez: "Oiça, conheço a minha mulher intimamente desde os seus 11 anos, e nunca a vi mentir!". Mas não - ninguém acredita. Assim, como é que um tipo de defende?

Isto é kafkiano. Vou dormir, e talvez acorde em casa.

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