sexta-feira, 6 de fevereiro de 2004

Precisa-se - Rei

A malta devia ter um rei, ponto. Dá estilo, em termos turísticos atrai mais pessoas, as miúdas gostam de gajos que venham de um país que tenham um rei (este facto ainda não está confirmado mas todas as suspeitas apontam neste sentido) e, evidentemente, precisamos de substituir o nosso representante actual em todos os eventos monárquicos mundiais (caro D. Duarte, não é nada pessoal, é só mesmo uma questão de gestão de recursos humanos e precisarmos de alguém que dê a ideia que compreende perfeitamente o que está a dizer).

Bom, chegados à conclusão da necessidade de um rei, o processo de estruturação monárquica deve pressupor:
- O rei tem que ser encontrado – Analisando o Curriculum Vitae do actual candidato (mais uma vez D. Duarte, amigo, é uma questão meramente técnica e não pessoal) não me parece que tenha perfil para a vaga, pelo que deverá ser colocado um anúncio no Expresso. Este anúncio deverá vir em nome de uma agência de recrutamento para evitar enchentes de candidatos e deverá ser qualquer coisa como:
“ Precisa-se
Elemento jovem e com espírito dinâmico para integração numa equipa de dimensões elevadas (digamos, do tamanho de um país pequeno) e para desempenhar funções de marketing/relações internacionais. Enviar C.V. e atestado comprovativo de função sexual, que garanta possibilidades de descendência, para o e-mail queremos_um_rei_que_nao_seja_gay@palaciodapena.pt com a referência nº REI441”.

Após a recepção dos C.V.’s, o processo de selecção seguirá normalmente, envolvendo entrevistas de dinâmica de grupo e testes individuais, finalizando com um Big Brother monárquico em que o povo escolherá o vencedor final;
- A nobreza deverá ser redefinida – os gajos que vierem cá com tututus e mais não sei o quê de que o antepassado foi senhor feudal no couto da Pardaleira e outras tangas podem tirar o cavalo da chuva que não levam nada. A nobreza vai ser redefinida e basicamente serão implementados Balanced Scorecards por cidadão que avaliem diversos indicadores: dinheiro, protagonismo, nº de participações em eventos sociais, descaramento para dizer barbaridades na televisão e em revistas, propensão para escândalos públicos. Só desta forma garantiremos ter uma nobreza elitista ao nível da restante nobreza europeia;
- A rainha deve ser escolhida pelo povo – a rapaziada quer uma rainha jeitosa e que não nos deixe mal ao pé das rainhas e princesas dos países nórdicos. Convenhamos, e imaginando que a rainha seria a Rosa Mota (não desfazendo porque acho que a Rosa Mota é uma razão de orgulho do nosso país), com que lata é que malta a mandava para um evento diplomático com a Vitória da Suécia. Bom, resumindo, Sofia Alves, Fernanda Serrano e Adelaide Sousa, não marquem nada para os próximos 40 anos que irão ser contactadas pelo nosso departamento de Recursos Humanos (eu próprio me disponibilizo para as entrevistas de dinâmica de grupo).
- O contrato é a termo certo e com cláusulas específicas - eventualmente deverá ser revista a legislação do trabalho. O povo deve ter a possibilidade de descartar os herdeiros do rei caso não goste deles (ahah, ingleses, roam-se de inveja, se fosse cá já tínhamos mandado o príncipe Carlos para o fundo de desemprego há muito tempo).
- Deverá ser cedida uma habitação social para o rei – os palácios apenas ficarão disponíveis para o rei frequentar (note-se que não é habitar) durante o horário normal de visitas turísticas, ficando isento de pagar entrada (nota mental: ponto a rever com a actual ministra das finanças).

E tenho dito. Uma vida longa ao rei e a todos os herdeiros (salvo o disposto no futuro artigo 14º, alínea a), 3º parágrafo da legislação monárquica que irá citar claramente: “Se o povo assim o entender, os herdeiros do rei poderão ser destituídos deste privilégio, ficando o reino de Portugal meramente obrigado a proceder a uma reintegração na monarquia espanhola ou em qualquer outra monarquia europeia”)

Sem comentários: