quarta-feira, 1 de outubro de 2003

Adeus, ó terra...

Muitos de nós já passaram pela experiência de estar fora do seu país natal por algum período de tempo. Muita gente que sai regularmente de Portugal por motivos de estudo, emprego ou simplesmente por fuga à polícia judiciária, sabe que há coisas às quais se dá um valor especial e que até então nunca se tinha apercebido delas. Vejamos algumas coisas pelas quais podemos passar:

- Acharmos que a RTPi é um canal de culto, no qual mamamos todas as telenovelas, debates e concursos deslavados. Quando comentamos com os nossos amigos o desenrolar da novela das oito, é normal que nos comecem a olhar de um modo estranho;
- Acharmos que somos os perfeitos connoisseurs de vinhaça, mesmo que só estejamos habituados a beber a pinga da Cooperativa Agrícola de Pedralhos. Qualquer vinho Francês de topo é alvo de duras críticas, ou então marcha de um golo só que macho que é macho não anda cá a cheirar e a abanar o nectar dos deuses;
- Conhecermos de cor os aviões da TAP e as suas tripulações. Frequentemente sentimos uma vontade quase irrepreensível de esbofetearmos o comandante com um arenque seco, devido à péssima prestação na viragem efectuada por cima do aeroporto da Portela;
- Conhecermos de cor e salteado todas as mensagens erro que a nossa rede móvel nacional pode dar quando estamos a operar a partir do estrangeiro. Tipicamente estes erros ocorrem quando estamos à rasca para reservar o bilhete para o próximo vôo;
- Orgulharmo-nos por conseguir colocar dentro de uma mala minúscula toda a roupa que precisamos mais os objectos básicos para a nossa vida (CDs, livros, revistas, mini-garrafinhas de martini surrupiadas dos mini-bares dos hotéis);
- Manter 40 minutos como record pessoal, para o tempo de saída de casa antes do vôo;
- Chegarmos a Portugal e acharmos que a maneira que os nossos taxistas conduzem é que é a correcta;
- Experimentarmos os pratos rafinés do país estrangeiro, acharmos que sabem a bosta de cágado marinada com minhocas gratinadas, e choramos pelo bitoque da tasca ao pé de casa que tantas vezes dissemos mal;
- Habituarmo-nos aos costumes estrangeiros. Por exemplo, as saudações das Suiças são 3 beijinhos (na face, pois claro) e a das inglesas é um passou-bem. Não confundam os processos de saudação, correndo o risco de serem chamados de panascas pelas Suiças e de tarados pelas inglesas…. (hummmmm… neste último caso se calhar não se irão arrepender do engano).

Sem comentários: