quarta-feira, 15 de outubro de 2003

A vida de Jesus, o Político

Parte IV e última – O marketing da ressurreição

(ver Parte III – Eleições em Jerusalém, 2 posts abaixo)

Jesus está morto. A agonia da cruz foi breve e o corpo foi transportado para a câmara tumular. Mesmo perdendo as eleições, foi notícia de primeira pedra no “Jerusalém Hoje”.

Os apóstolos reúnem de emergência. Os cargos de vereação em Jerusalém esfumaram-se e há que definir o futuro.
Concluem rapidamente que, com o líder morto, sobra-lhes o mito. Resta fazer o melhor aproveitamento possível da marca “Jesus”. Depois de alargada discussão decidem que a imagem mais marcante para venda será a de Jesus na cruz. Têm apenas um problema – precisam de fazer uma imagem do dito e nenhum deles sabe desenhar. Num ápice, surge o plano…

Deslocam-se à câmara tumular, para embrulhar o corpo em 2 lençóis e, através de uma técnica entretanto perdida, passar a imagem de Cristo para os lençóis. Seria o suficiente para escultores e pintores produzirem as imagens pretendidas. Encontram o corpo com um ar sereno e repousado, apesar do trauma da crucificação.

- E uma escanhoada? – pergunta João.
- Pá, não há tempo, vai com barba e tudo – diz Simão. Passa os lençóis.
- Os lençóis! – repete o apóstolo Pedro - ninguém sabe dos lençóis?

Tinham-se esquecido! Tanto esforço em risco! De repente, todos sorriem e olham para o turbante de Simão…

- Pá, esqueçam. É um turbante novinho. 4 metros de linho puro, com alfinete de madre-pérola para não se desenrolar na cabeça. O meu turbante não vai servir de sudário!

Cercam Simão e tiram-lhe o turbante da cabeça. João ainda perde 2 dentes depois de sugerir que deviam catar Simão para garantir que o turbante não tinha piolhos que pudessem estragar a imagem.

Embrulham Jesus e fogem com o corpo. Deixam uma mensagem, para enganar a família do morto – “Meus amigos, ressuscitei, tive sede, e saí para beber água. Não sei se volto…”

O apóstolo Pedro foi eleito presidente do partido – o chamado Papa – mas nunca conseguiu resultados eleitorais dignos de referência. As imagens de Jesus na cruz foram um êxito duradouro, vendendo-se que nem pãezinhos quentes. Sobre as imagens, e até ao fim da sua vida, João repetiu – devíamos ter-lhe feito a barba…

Sem comentários: