quarta-feira, 10 de dezembro de 2003

O Natal, o maior sucesso de marketing a seguir ao Restaurador Olex

Ahhh Natal a chegar. Começamos a sentir-lhe o cheiro no final de Setembro (ainda me lembro quando era só em Dezembro) e depois é um ver se te avias até ao final de Janeiro. O carinho, o amor e todas essas coisas boas que as Miss Universo desejam para a rapaziada, mais o fim da fome nos países desenvolvidos e o aparecimento do UMTS nos países de terceiro mundo.

As prendinhas a oferecer começam a popular as cabeças do povo, colocando em euforia os neurónios dedicados à prendofonia, trocando entre si impressões sobre o que oferecer ao tio Alfredo, à vizinha Arminda, ao rapaz do 4º Dto dois lotes abaixo, aos 24 cidadãos que passaram na rua e por acaso tinham um ar familiar, ao senhor Rudolfo da merceria, a todos os funcionários da carris que tenham ajudado a picar o módulo e a quem mais vier.

Todos os anos se cai nas mesmas rotinas: os perfumes, loções after-shaves, desodorizantes (uma vez deram-me um, de marca "Insignia", que tinha a particularidade de desentupir o nariz não por 6 a 8 horas, mas enquanto o cheiro a sovaco não dominasse), cremes, cachecóis, peúgas, molduras, camisolas (generalizemos - ROUPA), livros (tipicamente os livros da moda), chocolates, coisas inúteis feitas em PVC tipicamente vendidadas em lojas como a Funny e a Michele K e que por mais que nos esforcemos nunca lhes conseguimos dar uma utilização satisfatória, CDs (que 98% das vezes não gostamos), peluches... enfim, poderia continuar mas certamente nunca iria terminar. Todos os anos me esforço por manter um ar surpreso quando abro o embrulho, e todos os anos faço o meu ar de "Eina, fantástico, obrigado Madrinha Cinda, era mesmo umas peúgas verde alface que eu estava a precisar para levar para o trabalho. Assim consigo combinar com a gravata rosa choque com riscas cinzentas e castanhas que me ofereceu o natal passado. Eina, estou mesmo contente, uau, bestial, que baril Madrinha (as madrinhas acham que baril é um termo orgásmico e ficam mesmo sensibilizadas e continuam com as merdas de prendas todos os anos. Se calhar devia mudar para o método "porra madrinha, enfie as meias no cú para ver se mudam de tom, que caraças")". Claro que isto é dito com um ar convincente e é graças a muitas horas de treino que consigo obter os resultados pretendidos.

Coisas que eu gostaria de receber, que tenho a certeza que ainda não vai ser este ano, e que espero que ajudem as multidões (de neurónios) que nos lêem a mudar a maneira de surpreender as pessoas:
- Um arenque ventríloquo veterano da guerra. Animais de estimação são sempre bem vindos mas gatinhos, cãezinhos e ratinhos já são demodé. Um arenque é simpático, tem aqueles olhinhos ternurentos e faz sempre uma calorosa recepção quando chegamos a casa. O facto de ser ventríloquo dá um ânimo especial à casa quando recebemos os nossos amigos e o facto de ser veterano de guerra torna-o responsável e excelente em auto-defesa. Eu sei que é dificil arranjar arenques veteranos de guerra, mas julgo que ainda há muitos refugiados nas piscinas de concentração da Docapesca de Sesimbra;
- A versão nepalense do "Quem mexeu no meu Iaque" - Um must to have na minha opinião. Profunda e sincera, esta obra não vai deixar impávido e sereno quem a ler;
- Uma sanita "puff". Sim, os puffs estão agora na moda (mas que raio, como é que se escreve esta merda? É puf, puff, pouf?????) mas eu quero um versão sanita. Na realidade não tem esferovite e é muito giro porque podemos contar com os nossos amigos para ajudar a enchê-lo através de horas de caganeira em ambiente de pura diversão;
- Uma rectroescavadora, sim, para ir para o trabalho, estacionar no parque do Colombo, passar na via verde, apitar aos queques à porta do BBC enquanto levo a pá da frente cheia de vacas ruminantes, e para ver os arrumadores do Ritz a sofrerem a estacionar aquela coisa;
- Um badalo de sino de mosteiro de Chaolin (acho os de mafra muito abichanados), para usar como pêndulo ao peito e por fora da camisa (a minha vertente de pseudo-emigrante a vir ao de cima) ou simplesmente no bolso, a servir de porta-chaves. ("desculpe, isso é o pêndulo de sino de mosteiro de Chaolin que tem no bolso, ou está contente por me ver?");
- Todos os programas do TV Rural do Sousa Veloso em DVD, com extras como os apanhados das gravações do 70x7, os melhores genéricos dos créditos de telenovelas portuguesas entre 1983 e 1987 (tem que ter a "Vila Faia" senão não quero), as mensagens revolucionárias passadas subliminarmente pelo Vasco Granja e as cut scenes do filme "Branca de Neve" de João César Monteiro;
- Uma perna de perú em cera, para colocar na mesa de cabeceira;
- Um poster do Bardamerda Pinheiro, com o seu casaco com bolsos de vaca animados;
- O blog do Quarto Segredo em braile;
- Uma colecção de cera de ouvido dos diversos povos do mundo, devidamente identificada e catalogada e com pedaços em tamanho suficientemente grande para se poderem apreciar através do tacto, olfacto, paladar e visão.

Um santo natal para todos vós e boa sorte para as prendas.

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