terça-feira, 19 de agosto de 2003

Lições de emigrês

Em Agosto há uma segunda língua dominante em Portugal, para além do português. O emigrês, na variante emigrês-franciú, entra-nos pelos ouvidos sempre que avançamos no terreno para o interior transmontano.

O emigra franciú, salvo raras excepções, é um bronco aldeão que mal sabia falar português quando emigrou, e raios o partam se fala francês de gente! Já a segunda geração - os putos que vêm sempre com um corte de cabelo recente e apaneleirado de visita à santa terrinha - fala tão mal português que só se consegue exprimir em emigrês franciú. Passo a ilustrar:

"- Em França pagamos quase tudo com bilhetes e peças!" Trata-se de notas e moedas. Um corolário é que os "bilhetes" de euro são iguais cá e na França.
"- É só montar estas escadas e estamos lá!". Olhei para as escadas. Já estavam feitas à anos e não eram de bricolage... a tradução de "montar" é subir....
"- E não estou a rir, ahn?!". A falta que faz a palavra "irónico" quando não a conhecemos.
"- Alors, então?!" Um clássico da tradução simultânea.
"- O IP4 estava carregado!" Trânsito intenso no IP4.

Mudando de assunto, a festa hoje trouxe essa grande estrela que é o Tony Carreira à cidade. O povão aderiu em massa, e falava-se emigrês-franciú em barda. Foi festa rija! Ontem, a execução de peças sinfónicas pela Banda da Força Aérea atraiu apenas meia-dúzia de perdidos, que deambulavam entre as tascas da vinhaça e chouriça e as carrinhas das farturas. Banda da Força Aérea, o que vos faz falta é um coro de umas 4 brasileiras! Isso sim! Mas sem farda...

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