quarta-feira, 3 de setembro de 2003

A arte de escolher um nome

Por notícia da gravidez de uma moça conhecida, iniciou-se o famoso debate sobre os nomes a dar a uma criança. Choveram logo os nomes banais como Gustavos, Bernardos, Gonçalos, Franciscos, em que após a sua sugestão, nada mais podia justificar a escolha do que um simples ”…porque gosto muito. ”.

Tangas, o nome é extremamente importante para a personalidade, e um nome pujante é obrigatório para termos o rebento nas lides do mundo. Tive na faculdade uma colega chamada Zaida Flora Pantaleão Cagado (uma colega PALOP que duvido que tivesse uma vida fácil) e que era alvo de risota na chamada para o auditório, chamada esta que era feita pelos apelidos : ”Jacinto, Leite, Capelo, Rêgo, Cagado”. Nada bonito. Imaginem então que a nossa Zaida trabalha no continente do Colombo e se ouve, seguida da campainha, a voz que diz ”Cagado à caixa 8, Cagado à caixa 8”. Estão portanto a imaginar a cara do pobre cliente que se encontra por acaso na caixa 8. Uma vergonha. Imaginem ainda, que a nossa Zaida arranja emprego numa importante consultora, e que numa reunião entra apresentando-se ”Dra. Cagado, ao seu dispôr”. Enfim, sem comentários, não é fácil pertencer-se à família dos cagados.

Ainda hoje estava a ler uma notícia no site do Portugal Diário (em http://www.portugaldiario.iol.pt/noticias/noticia.php?id=133233) na qual referiam que os direitos fundamentais do homem continuavam a ser violados em Portugal. Esta conclusão advém do relatório publicado pelo eurodeputado francês Fodé Sylla. Quer-se dizer, este senhor tem é muita sorte em não ser apanhado pelo pai da tal Sylla. Mas que raio de nome este. Um gajo vai na praia a gritar ”Fodé, FODÉ” e toda a gente a ver o que se passa. Vamos buscar o gaiato à escola, vêmo-lo ao fundo e chamamo-lo “Fodé, já aqui”. No minuto seguinte temos a PJ atrás de nós alegando que estamos a tentar ficar com o lugar do Bibi.

Para evitar estas situações, aqui ficam alguns factores que devem ter em conta ao seleccionar o nome para o rebento:

1 – Nomes como Afonso, Alberto, Tiago ou Ricardo são maus, pois nos exames da Universidade nunca ficam nos Auditórios, sendo recambiados para salas minúsculas. Pois é, se querem zelar pelo sucesso escolar do cachopo e ao mesmo tempo estimular a criatividade nessa arte anciã que é cabular, dêem-lhe um nome entre G e N, tipo Gastão ou Nestor. Nunca falha;

2 – Todos os miúdos gostam de nomes pomposos, o que influencia o seu perfil psicológico. Por exemplo, eu quando era miúdo queria chamar-me Rambo, mas a minha mãe não deixou o que de certa forma pode ter retraído a minha veia militar. Nomes como Rambo, Comando, Solid Snake ou Son-go-ku são muito apreciados pelos miúdos (se bem que o último possa dar azo a comentários jocosos relacionados com hemorróidas) e nomes como Sailor Moon, Shena ou Cinderela são muito apreciados entre o público feminino.

3 – Nomes longos é o pesadelo de qualquer rapaz pois demoram horas a preencher as fichas da caderneta na escola ou os cabeçalhos do teste. Na, nomes curtos e sonantes é que está a dar.

4 – Cuidado com as piadolas que os nomes podem gerar. Ana “Banana”, Jericó “Bóbó”, José “Com ele em pé” são coisas a evitar. Há nomes lixados para gozar, tipo Bruno ou Ricardo ou António…. É uma questão de pensar um pouco.

5 – Nomes comuns é uma chatice. Quando a mãe de um miúdo que tem nome comum o chama num local público é o diabo porque há sempre inúmeras cabeças a olhar. Escolher um nome original é uma arte que não se deve perder. Eis alguns exemplos:

Rapaz:
- Venceslau;
- Pantaleão;
- Aristides.

Rapariga:
- Zaida;
- Genoveva;
- Micaela.

E pronto, foi a Fátima a prestar mais um serviço de utilidade pública com a qualidade que já habitou os seus fiéis seguidores.

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