segunda-feira, 29 de setembro de 2003

Vamos às compras

Agarrando na experiência descrita pelo nosso pastorinho Blitzkrieg, queria partilhar aqui outra grande experiência também ela traumática, vivida pelos homens portugueses que se aventuram pelas lojas de roupas, arrastados pelos instintos experimentalistas das mulheres. E porque é que não é espírito consumista, perguntam vocês? Porque na maioria das vezes elas nem compram nada, apenas experimentam e reexperimentam torturando-nos até confessarmos. Eis os vários momentos vividos :

- Entrar na loja – Ela entra, fica com olhos eufóricos e numa questão de 3 segundos tem o percurso delineado. O homem entra, tira as medidas às empregadas, e quando volta a olhar para a mulher já não a encontra.

- A escolha – Quando o homem dá com a mulher, já ela tem nas mãos 3 pares de calças, 4 tops de cores diversas, 2 camisolas e mais 3 pedaços de tecido ainda não identificados. Ela insiste em conduzir o homem a uma saia que alegadamente “era mesmo aquela que estava à procura" mas no caminho até lá ela recolhe mais um par de botas, um casaco e mais uma camisola para condizer com o dito casaco. A saia é ignorada, pois aparentemente o casaco é de morrer e era mesmo aquele casaco que andava à procura.

- A prova – O primeiro processo da prova passa por convencer a senhora que está a controlar as peças que entram e saem dos provadores. Aparentemente o limite são seis peças mas elas acham que as 15 que levam são quase a mesma coisa, por isso não deviam contar. Acabam por ficar os homens cá fora a segurar a roupa em excesso, tal qual cómoda D. Maria II. Ainda cá fora é notória a camaradagem vivida pelo grupo de homens que espera pelas respectivas. A solidariedade vivida é notória, antevendo-se por vezes manifestações silenciosas de fugas para a cervejaria mais próxima. O peso da opressão anula este espírito revolucionário. Elas saem com o primeiro set de roupa vestido e fazem a fatídica pergunta: “Então, o que é que achas?”. Qualquer que seja a resposta dada pode conduzir a uma pequena batalha. Antes de respondermos olhamos para os nossos companheiros, que mostram o ar de compaixão como quem diz “Pá, ‘tás lixado. As calças fazem-lhe o rabo gordo. Força rapaz, vai em frente, acredita.” . Respondemos a medo: “Fica bem, muito gira". Ela como gosta das calças mas também viu que lhe ficavam mal, desata num contra-ataque a dizer que nem olhámos, que é sempre a mesma coisa, para ter atenção à cinta, para reparar como ficam demasiado justas nas nádegas. Somos forçados a admitir que ela tem razão, o que leva para o confronto da já sobejamente conhecida conversa do “Mas tu achas-me gorda ???"

A cena repete-se por mais 30 minutos até ela se fartar e não comprar nada. Não compra nada porque gostava das calças que experimentou primeiro mas foram concebidas a pensar na versão Norueguesa da Olívia Palito, logo o sentimento de injustiça demove qualquer intenção de compra.

À saída, numa dissimulada tentativa de ir à FNAC, o homem recebe a resposta “Outra vez, que seca, vais lá sempre e só compras um cd ou um livro… que chatice"

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